Tora Tora Tora! A6M2-21 over Pearl Harbor 1/48 Eduard #11155

Eduard #11155

Introdução
Certamente um dos mais famosos caças da II Guerra Mundial, o Mitsubishi Zero permanece até hoje na memória coletiva como um símbolo da engenhosidade da indústria japonesa.
Concebido para atender exigentes especificações e ao mesmo tempo sujeito a diversas restrições materiais, o Zero incorporava diversas características que o tornavam uma aeronave bastante peculiar e avançada, especialmente se comparado com os projetos em desenvolvimento no Ocidente.
Não se deve esquecer que o Zero foi concebido alguns anos depois dos principais caças europeus do início da Guerra, o Bf 109 alemão, o Spitfire e Hurricane britânicos. Estes caças, projetados em meados dos anos 30, possuíam motores de 1000 HP ou mais, armamento pesado e privilegiavam a velocidade em detrimento do alcance e da manobrabilidade – a missão primária desses aviões era garantir a superioridade aérea dentro do seu raio de ação, uma tarefa basicamente defensiva contra bombardeiros incursores e seus caças de escolta que eram via de regra maiores e mais pesados.
Esses projetos também premiavam a capacidade de produção em massa: cada unidade era construída em seções intercambiáveis, descentralizando parte importante da produção com reflexos positivos em termos de custos, agilidade, e segurança nas cadeias produtivas e maior facilidade de manutenção.
Os pilotos e estrategistas japoneses, por sua vez, privilegiavam a capacidade de manobra dos seus caças em detrimento da velocidade e de um armamento mais pesado. O raio de ação também era uma variável importante – o objetivo da caça japonesa era mais ofensiva, projetando o seu poder aéreo em um império vasto, mas com poucas aeronaves disponíveis.
A cadeia produtiva japonesa também era bem mais verticalizada, centralizada em grandes conglomerados industriais. O acesso a materiais estratégicos como o petróleo, a borracha e o alumínio também era mais restrito, o que exigia maior criatividade e eficiência na produção.
Tudo isso somado levou ao projeto de um avião extremamente leve, com uma motorização comparativamente menor e estruturalmente muito avançado, construído com uma liga de alumínio especial. A carga alar do Zero era consideravelmente mais baixa que a dos seus contemporâneos europeus e americanos; consequentemente a sua capacidade de manobra era magnífica.
Por outro lado, para manter um peso compatível com a sua motorização, o Zero não possuía proteções já usuais no seu tempo como blindagem e tanques auto lacráveis e era construído como uma estrutura única. Isso complicava a produção, tornando-a mais lenta e custosa – o que se refletia também em uma menor capacidade de reposição – e a manutenção também era prejudicada, especialmente em condições de campo.
Com equipagens experientes e taticamente bem posicionados, os primeiros Zeros desempenharam magnificamente bem contra os seus primeiros adversários, que não esperavam encontrar do lado japonês aviões tão avançados. De fato, até as primeiras semanas de dezembro de 1941 a aviação japonesa era subestimada por uma parte importante dos estrategistas ocidentais, o que se revelou um grave erro como se veria em seguida.
O ataque de surpresa à Frota Americana baseada em Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941 teve um papel fundamental na construção da mística em torno das capacidades do Zero, um caça de longo alcance, operado de porta-aviões e performance excepcional. O mesmo se repetiu nas semanas seguintes durante a rápida expansão japonesa no Pacífico, na qual relativamente poucas unidades do Zero foram capazes de apoiar com extrema eficácia a projeção do poder japonês.
Uma longa guerra ainda estava por ser travada, porém. Embora muito avançados, os Zeros também eram vulneráveis e disponíveis em quantidades relativamente pequenas. Com o tempo, a baixa capacidade de reposição tanto de aeronaves quanto de pilotos e o avanço tecnológico, de capacidade de produção e treinamento de equipagens dos Aliados acabaram por eclipsar a vantagem inicial obtida.

O Kit

Embalagem
A caixa do kit mede 38 x 23 x 7 centímetros e é espaçosa o suficiente para abrigar sem aperto dez árvores de peças e mais um caderno de instruções com 32 páginas no tamanho A4, decais, fotogravados e máscaras para facilitar a pintura das peças transparentes e rodas. As peças vêm protegidas por sacos plásticos, embora não individualmente (salvo as transparências). A tampa da caixa, removível, traz uma bela ilustração de dois Zeros em voo. Tudo muito bem acondicionado, segundo o bom padrão atualmente praticado pela Eduard.
Como o kit é um dual combo, temos material para dois modelos completos – e assim recebemos duas vezes as cinco árvores necessárias para a montagem de um Zero.

Embalagem

Árvore A
A primeira árvore, A, traz as transparências. Certamente foi desenvolvida para atender a outras versões do Zero, ainda não lançadas. Além das peças necessárias para o canopi, em três seções com a opção da seção central ser montada aberta (A12) ou fechada (A14), temos as luzes de navegação das pontas das asas, uma pequena janela ventral (A17) a ser colocada no assoalho do cockpit, o colimador (A5) e luzes de posição (A1 e A9). Há mais uma opção de para-brisas (com vidro blindado) e três para a seção de ré do canopi, mais duas versões de colimadores e outras miudezas – boas adições para a caixa de peças reserva.
A qualidade da moldagem é muito boa, embora com muito aumento seja possível ver uma certa irregularidade nas áreas envidraçadas. A olho nu, porém, as peças são muito bem acabadas e praticamente não distorcem a visão do que estiver por dentro delas.

Árvore B
A árvore B traz a fuselagem, o conjunto de peças para a montagem da capota do motor, o leme de direção e os estabilizadores horizontais adequados ao A6M2.
A qualidade dos detalhes é excepcional, com boa parte deles em baixo relevo e algumas estrategicamente colocadas, em sutil alto relevo como no caso de alguns rebites e algumas placas de reforço. Assim como no caso das superfícies de controle horizontais apresentadas na Árvore C, achei muito bem realizada a reprodução do entelamento do leme de direção e respectiva estrutura metálica. O cavername do interior do cockpit também é representado, de forma simples, porém adequada para a escala e para a visibilidade quando montado.
Todas as peças desta árvore são aproveitadas para montar o A6M2 tipo 21, exceto uma tomada de ar do carburador (B18) e duas placas que posicionam as saídas laterais dos escapamentos (B7 e B8), específicas das primeiras unidades de produção do A6M2.
Um ponto a destacar é a engenhosa solução para a montagem da capota do motor, uma peça composta por várias superfícies curvas de difícil moldagem. A Eduard dividiu a capota em sete peças e fornece um gabarito descartável (peça A9) que permite o alinhamento fácil e preciso dos componentes, que também variarão certamente nas versões posteriores do Zero a serem lançadas no futuro. Uma ótima solução que evitará muita frustração para os modelistas desse kit. Veja neste link as instruções para esta fase da montagem.

Árvore B

Árvore C
A árvore C compreende a base das asas, os ailerons e os profundores. A asa inferior é uma peça inteiriça (C4) e as asas inferiores são peças separadas (C5 e C6). Os profundores e os ailerons possuem detalhes bastante refinados, reproduzindo com bastante realismo o entelamento das superfícies. Para os A6M2 tipo 21 usados em Pearl Harbor é sugerido o uso apenas dos ailerons sem os trim tabs do tipo flettner e com massas de balanço nas extremidades externas (C10 e C11), típicos dos Zeros em uso na época do Ataque (consta que mesmo os pouco mais de 300 produzidos inicialmente foram modificados de forma a apresentar esses ailerons revisados). Os ailerons “originais”, com os compensadores e sem as massas de balanço são oferecidos na árvore como as peças C1 e C2 e podem ser reservados para uso em outros modelos.
A Eduard optou por não oferecer a opção no kit de montar as pontas das asas dobradas, característica do A6M2 tipo 21 e bastante evidentes nos aviões hangarados nos porta-aviões. Por um lado, esse arranjo simplifica a montagem; por outro, deixa um desafio para o modelista reproduzir esse aspecto se desejado, seja em scratch seja com o uso de um conjunto de detalhamento específico (a ser lançado em março de 2022).

Árvore D

A árvore D compreende boa parte das peças que farão o detalhamento do interior do cockpit, do motor e das caixas de rodas, assim como a bequilha e o gancho de pouso e as massas de balanço das superfícies de controle.

O interior é magnificamente bem detalhado e pode ser acabado com os itens fornecidos pelo kit básico em um nível de perfeição excelente para a escala. As peças em estireno trazem a vantagem interessante da tridimensionalidade se comparadas com as também oferecidas pelo kit em fotogravado colorido. Caberá ao modelista escolher entre a praticidade do fotogravado pré-pintado e a exatidão de formas das peças plásticas – ou, se for ainda mais exigente, usar conjuntos de detalhamento complementares que já surgem no mercado.

O mesmo se aplica ao motor – que depois de montado fica bastante oculto por baixo da sua capota, por sinal – e a área das caixas do trem de pouso principal. Os detalhes são muito ricos, a sequência de montagem é bastante intuitiva e o resultado é muito bom.

O gancho de pouso pode ser posicionado na posição arriada (usando a peça D6) ou recolhida (D7), a critério do modelista. Uma solução simples e nem sempre disponível em kits de aviões embarcados.

São mais de 60 peças envolvidas para a montagem dessas áreas do kit. A quantidade (e o tamanho de algumas delas) pode intimidar alguns modelistas menos experientes, mas o resultado final certamente trará muita satisfação.

Árvore E

Esta árvores traz as peças para a montagem do trem de pouso principal e as respectivas tampas das suas caixas, a hélice e seu cubo e o tanque suplementar de combustível. Algumas peças extra compõem essa árvore, com as quais pode-se montar algumas bombas, um modelo de cubo de hélice e rodas alternativas usadas em outros modelos do Zero.

Novamente a moldagem das peças é muito boa e o nível de detalhe excelente. Considero que modelistas muito exigentes preferirão usar conjuntos de detalhamento para substituir o que já é oferecido neste kit, seja por uma exatidão marginalmente melhor seja pela maior facilidade de montagem.

Fotogravados

O kit traz duas folhas de fotogravados, iguais, uma para kit que compõem esta edição Dual Combo. Seguindo a linha Steel, agora padrão da Eduard, cada folha de fotogravados traz cerca de 60 peças – a grande maioria delas pré-coloridas. O uso de várias delas é opcional e na maioria das vezes a maior vantagem do seu uso reside na praticidade e economia de tempo. Uma exceção relevante são os cintos de segurança, sem os quais o interior do cockpit não ficará completo e não são oferecidas alternativas a eles no kit. Algumas peças são de tamanho bastante diminuto e exigirão alguma experiência/habilidade do modelista, mas o resultado compensará o esforço adicional.

Observadas em grande aumento algumas peças têm uma pintura um tanto granulada – particularmente nas que procuram reproduzir o verde interior predominante no cockpit. Observadas a olho nu, porém, a resolução da impressão é mais que satisfatória. No caso específico do painel de controle uma solução de melhor resolução (mas que dá bem mais trabalho) seria pintar cuidadosamente a peça D18 e aplicar os respectivos decais para fazer os diais dos instrumentos. O mesmo se aplica para os consoles D36 e D59. O lado positivo é que a Eduard oferece as opções, todas de boa qualidade, e o modelista emprega a mais adequada ao seu perfil e objetivos.

Máscaras
Uma folha de máscaras pré-cortadas em papel tipo “kabuki” contém dois conjuntos de máscaras para todas as superfícies envidraçadas, rodas do trem de pouso principal e bequilha e luzes de navegação. Particularmente úteis no caso do complexo canopi do Zero, considero esse conjunto de máscaras indispensável para um acabamento mais perfeito dos modelos. A dição das máscaras para as rodas e as luzes de navegação tornam esse conjunto bastante completo.

Decais
O kit traz três folhas de decais.
Um par de folhas pequenas com estênceis e outras marcações comuns a todos os Zeros da série. As folhas são bastante completas e com algumas variações de cores e marcações não específicas para os aviões embarcados do ataque a Pearl Harbor. Certamente essas folhas de estênceis aparecerão em futuras edições de Zeros da Eduard.
A folha principal traz as marcações para doze aeronaves diferentes, como veremos de forma mais detalhada adiante. Todos são basicamente semelhantes, totalmente pintados no polêmico cinza claro ameiro e com a capota do motor em preto azulado, variando salvo um detalhe ou outro nas marcações específicas de cada grupo de ataque embarcado em cada um dos porta-aviões participantes da Operação.
Os decais de todas as folhas são impressos pela própria Eduard usando o sistema que permite a remoção da película do decalque, deixando somente a fração tinta e proporcionando um acabamento impecável. Na montagem deste kit realizada pelo nosso associado Luiz Fragelli os decais desempenharam perfeitamente bem: todas as películas foram removidas com sucesso e sem quaisquer danos às partes coloridas ou à pintura subjacente – somente foi necessária uma cuidadosa preparação das superfícies e um tempo extra para a secagem completa dos decais antes da remoção.

Instruções

O folheto de instruções possui 32 páginas tamanho A4, impressas a cores em papel de excelente qualidade. A capa do folheto reproduz a ilustração da tampa da caixa. Como de costume nas Edições Especiais, as instruções são precedidas por uma bem pesquisada contextualização da temática do kit. No caso, um artigo de 4 páginas fartamente ilustrado e assinado por Jan Babek nos apresenta a história do Ataque a Pearl Harbor e o papel do Zero nessa importante operação, destacando alguns dos principais personagens e situações envolvidos.

Completa o volume uma página com um mapa das árvores de peças e demais conteúdos da caixa, uma tabela com sugestões de tintas nos padrões da GSI Creos (Gunze) e Mission Models, um passo-a-passo da montagem, um mapa para a aplicação das máscaras de pintura, cada um dos doze esquemas de decoração oferecidos com um breve histórico de cada aeronave representada e um mapa de colocação dos estênceis.

Uma apresentação impecável, conforme o padrão atual da Eduard. O modelista pode baixar a versão digital do folheto de instruções clicando neste link.

Opções

A partir do kit é possível escolher montar dois modelos entre doze opções de decoração, todos A6M2 tipo 21 padronizados e envolvidos nas operações de ataque à Base Americana em Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941. Aparentemente monótonos, os esquemas revestem-se de grande interesse e importância histórica, muitas vezes atrelados a pilotos que desempenharam papel destacado na História da Aviação Militar Japonesa ou a momentos importantes da operação que alterou o curso da II Guerra Mundial.

A Tabela a seguir lista as opções de marcação, agrupadas por Grupo de Ataque (Kōkū Sentai), Navio e Onda de Ataque:

Kōkū SentaiNavioCódigo1ª Onda2ª Onda
1AkagiAIA– AI-155
Ten. Shigeru Itaya (C)
H– AI-102
Ten. Saburō Shindō (C)
1KagaAIIB– AII-168
SO2c Akira Yamamoto
I– AII-109
SO1c Yoshikazu Nagahama
2SoryūBIC– BI-181
Ten. Masaji Suganami
J– BI-151
Ten. Fusata Iida (KIA)
2HiryūBIID– BII-112
SO1c Kazuo Muranaka
K– BII-120
SO1c Shigenori Nishikaichi (KOG)
5ShókakuEIE– EI-101
Ten. Tadashi Kaneko
L– EI-127
SO1c Yukuo Hanzawa (P)
5ZuikakuEIIF– EII-137
Ten. Masao Sato
G– EII-102
SO1c Tetsuo Iwamoto (P)
 
(C) – Comandante; (KIA) – Morto em Ação; (KOG) – Morto por civis no solo; (P) – Em patrulha de proteção sobre a Frota

Conclusões
A Eduard nos traz uma edição de colecionador para o lançamento de um kit magnífico de um dos mais importantes caças da II Guerra Mundial. Esta edição, lançada durante a Convenção da IPMS Americana de 2021, resultou em uma das maiores vendas da Eduard e encontra-se no momento esgotada. Pela abrangência dentro da temática e pelo valor histórico da série de aviões representados trata-se de uma edição que vale a pena procurar e montar.
O nosso associado Luiz Fragelli adquiriu um exemplar e montou um modelo com excelente resultado e o recomenda para qualquer modelista com habilidade para lidar com fotogravados e peças pequenas. Segundo ele, um modelista habilidoso e experiente, o kit é praticamente perfeito, não apresentando nenhuma falha digna de observação. A engenharia do kit e a qualidade do material oferecido permitiram uma montagem rápida e sem percalços. Talvez o maior desafio tenha sido a escolha da tinta mais adequada para reproduzir a cor da camuflagem, o polêmico ameiro. Depois de bastante pesquisa, Fragelli optou por fazer a sua própria mistura de tintas poliéster segunda a sua interpretação das referências. A seguir algumas fotos do modelo pronto:

Para os modelistas que desejarem aproveitar os excelentes decais desta edição, a Eduard oferece como de costume overtrees para o A6M2, contendo somente as peças em plástico (#82211X). Uma primeira edição Profipack já está disponível (#82212), novamente cobrindo o A6M2 tipo 21, em outros teatros de operação além de Pearl Harbor. Diversos conjuntos de detalhamento e acessórios também estão sendo lançados pela Eduard nos últimos meses, e a lista certamente crescerá bastante. Já recebemos alguns desses conjuntos da Eduard. Os nossos reviews podem ser acessados neste link.

Nos próximos meses deveremos ver novas edições do Zero 1/48 da Eduard, que promete oferecer todas as versões deste importante avião operando nos diversos teatros onde ele combateu, desde os protótipos e os primeiros exemplares da série 11 até os A6M 52c, além dos biplace de treinamento e até a versão de flutuadores que recebeu o codinome Rufe pelos aliados. Vamos aguardar com atenção.

Os admiradores da obra prima de Jirō Horikoshi agradecem!

Obrigado à Eduard pelo envio do exemplar para review!

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