Introdução
Por volta de 1944 o projeto do Bf-109, esteio da Luftwaffe, havia alvançado o seu pleno potencial e começava a apresentar sinais cada vez mais claros de obsolescência. Mas não havia mais recursos no Reich para iniciar um novo projeto para complementar o FW-190 e substituir o 109, pelo menos em termos quantitativos. Os jatos estavam começando a entrar em operação e esperava-se que com eles a Alemanha pudesse começar a virar a maré da Guerra, que já se arrastava por mais tempo que o planejado.
Mas os caças eram cada vez mais necessários, e a melhor opção disponível era aumentar ainda mais a produção de 109s, pelo menos enquanto as novas máquinas não entravam em plena produção. Messerchmitt continuou adaptando o 109 a motorizações cada vez mais poderosas, uma forma relativamente trivial de extrair um pouco mais de desempenho e mantê-lo, pelo menos, competitivo com a caça aliada. Ao básico Bf-109 G foi adaptado o novo motor DB 605D, que incorporava um supercompressor maior, trazido do poderoso DB 603, a capacidade de queimar combustível C3 e C4 e podia como padrão usufruir da mistura metanol-água MW-50. Esse novo Messerchmitt foi designado como o BF 109G-10. A produção dos G-10 foi distribuída entre três fábricas, a da Messerchmitt em Regensburg, Erla (Leipzig) e WNF (Wiener Neustadt, Áustria). Os exemplares produzidos por cada uma das fábricas apresentavam sutis diferenças, e este kit é dedicado especificamente aos fabricados pela Messerchmitt Regensburg.
Algumas diferenças externas entre o G-10 da Mtt. Regensburg e seus antecessores imediatos, os G-6 e G-14 são razoavelmente evidentes. Primeiro, uma protuberância discreta do lado de bombordo da capota do motor, para dar espaço ao novo supercompressor. Depois, a carenagem do radiador de óleo sob o queixo aumentada, para abrigar o radiador ligeiramente aumentado, e por fim, um par de saliências na parte inferior do nariz, que davam espaço para a passagem de dutos de refrigeração reforçados. A posição da portinhola de abastecimento do tanque de óleo, no nariz a bombordo, e do sistema de partida rápida, a boreste, também foram ligeiramente elevadas. Os G-10 tinham praticamente como padrão a nova cauda mais alta, fabricada em madeira, o canopi Erla “Galland” e uma hélice VDM com as pás mais largas, que proporcionavam mais tração. Comum entre os G-10 era uma bequilha consideravelmente mais alta que a tradicional, que propiciava uma atitude mais “horizontal” no solo, facilitando a visão do piloto durante a rolagem no solo e um melhor ângulo de ataque na decolagem, encurtando a pista necessária para se alçar vôo. Próximo ao bordo de ataque da asa inferior de bombordo era afixada a antena dos rádios VHF FuG 16ZY, padrão nos G-10 e presente apenas nos últimos exemplares de G-6 e G-14.
O kit (texto de Eduardo Mendes)
Esta é mais uma edição do kit da nova série de Bf-109 da Eduard, que já abrange boa parte das séries F e G. Esses kits não têm relação direta com a malfadada edição com erros dimensionais lançada há poucos anos atrás, a qual foi judiciosamente retirada do mercado meses depois e substituída por esses kits corrigidos. Essa nova série tem sido objeto de diversos reviews novos, e como muitas partes são em comum, nos ateremos ao que há de diferente neste kit.
De uma maneira geral, as principais diferenças externas entre os G-10 Mtt. e as séries antecessoras G-6, G-6/AS e G-14 estão no nariz da fuselagem, na cauda (bequilha e leme em muitos dos exemplares), na parte inferior das asas e no canopi. Para isso, a Eduard nos propões duas novas árvores de peças (Árvore V, com novas metades de fuselagem, hélice, lemes, tomadas de ar do compressor e do radiador de óleo e capota superior com as saídas das metralhadoras e Árvore X, com a metade inferior das asas em uma peça única incluindo a base para a antena do FuG 16ZY). A opção de canopi para o G-10 Mtt. está na árvore U e as opções de bequilha na árvore I, comum aos 109G da Eduard.
Completam o kit, como de costume nas edições Profipack, uma pequena folha de máscaras para facilitar a pintura do canopi, das rodas e das luzes de navegação, duas folhas de fotogravados, uma delas colorida, e um par de folhas de decais impressos pela própria Eduard – a primeira com decais para as cinco opções de decoração e a outra com estênceis diversos. Os decalques das marcações e estênceis são de fabricação da própria Eduard, com o novo filme que pode ser retirado após a aplicação, fazendo com que as marcações copiem perfeitamente os detalhes em baixo relevo do modelo. Com ótima qualidade e impressão de alta resolução, representam perfeitamente as inscrições das 5 possíveis pinturas do caça alemão.
O manual de instruções tem 16 páginas coloridas em papel couché, em formato A4, textos em checo e inglês, um breve histórico do Bf 109G-10, o mapa de peças, com a tabela de cores (referenciada com as tintas para a linha da Gunze Sangyo) e os símbolos de montagem. Logo após as instruções de montagem e o mapa de aplicação das máscaras de pintura, as ilustrações dos esquemas de pintura e o esquema de aplicação dos decalques e dos estênceis do avião, tudo muito claro e bem impresso. Clique aqui para ver o manual
Esta versão “Profipack” oferece 5 opções de pintura, são elas:
Conclusões
Há uma certa controvérsia em alguns fóruns alimentada por alguns modelistas sobre a acurácia das formas dadas pela Eduard ao nariz dessa edição, especialmente na saliência que abriga o supercompressor e as aberturas das metralhadoras do nariz. Infelizmente não tenho um Bf 109G-10 Mtt. Regensburg em um museu próximo para tirar minhas próprias conclusões – mas com base nas fotos e descrições que pude levantar, respeitando as opiniões contrárias, este kit está plenamente dentro do meu nível de exigência. Com essa ressalva, e com base em uma extremamente bem-sucedida montagem de um kit dessa série (um G-6 “Late”), posso recomendar facilmente este kit para modelistas de nível intermediário, pela quantidade de peças especialmente as em fotogravado.