Enquanto as potências aliadas, vencedoras, estavam reduzindo suas forças armadas no final da Segunda Guerra Mundial, os países europeus libertados estavam em situação bastante oposta. Eles tinham que atingir a força total de seu poder militar o mais rápido possível. A Tchecoslováquia do pós-guerra começou quase do zero usando o equipamento das unidades da força de resistência, que retornaram à pátria no final da Segunda Guerra Mundial. Durante os primeiros meses do pós-guerra, a recém-construída Força Aérea da Tchecoslováquia contou com Lavochkins La-5FN e La-7 da 1ª Divisão de Ar Mista da Tchecoslováquia retornando da União Soviética e os Spitfires LF Mk.IXe com os quais os pilotos da Tchecos da RAF voltaram do Reino Unido. Havia 80 Lavochkins e 77 Spitfires disponíveis, no entanto, a Tchecoslováquia precisava de um número significativamente maior de aviões de combate para sua força aérea do pós-guerra. Tentativas de comprar caças soviéticos La-9 ou Yak-9Us falharam, e o país não tinha fundos suficientes para comprar equipamentos ocidentais atualizados. Apenas um material de espólio que sobrou da Luftwaffe tinha a quantidade relativamente suficiente e acabou fornecendo uma saída para a situação complicada. A intenção inicial era retomar a produção das aeronaves Bf 109G-10, que estavam sendo construídas no Protetorado da Boêmia e Morávia na fábrica Diana. O material existente deveria ser usado na produção, o máximo possível, para economizar dinheiro e tempo. Parecia haver motores DB 605 originais suficientes para esse propósito também, mas, como se viu, os estoques continham várias versões diferentes e muitos dos motores estavam em condições técnicas bastante ruins. Então, uma explosão ocorreu em 31 de julho de 1945, na refinaria de açúcar Krásné Březno. O que isso tem a ver com os motores DB 605? Bem, as instalações da fábrica serviam de armazém para eles, bem como para outros materiais militares, incluindo munições. A forte explosão, que nunca foi totalmente investigada, destruiu grande parte dos suprimentos do motor DB 605 e os planos para a produção do Messerschmitt Bf 109G original acabaram…
No entanto, havia também um estoque de motores Jumo 211F na Tchecoslováquia do pós-guerra. Esta unidade fora projetada para equipar bombardeiros alemães e estava longe de ser a unidade de potência ideal para aviões de caça. No entanto, de acordo com a atribuição do quartel-general da Força Aérea da Checoslováquia, a empresa Avia preparou modificações que permitiram que a estrutura do Bf 109G fosse acoplada ao motor Jumo 211F. Foi apenas uma solução provisória e o resultado foi uma aeronave de combate de baixo desempenho e e pouca manobrabilidade. No entanto, era uma aeronave barata e apesar de todos os seus vícios, permitia o treinamento completo de pilotos de caça até a chegada dos jatos modernos no início dos anos 50.
O protótipo da fuselagem do Bf 109G com motor Jumo 211F decolou pela primeira vez em 25 de abril de 1947. A aeronave resultante recebeu a designação oficial S-199 e o apelido não oficial de Mezek, que significa Mula. Este último não apenas se referiu à origem do projeto (Messerschmitt) em língua tcheca, mas também descreveu as características de voo teimosas da aeronave com bastante propriedade. O alto torque da hélice pesada, que se destinava aos bombardeiros, fazia com que a aeronave saísse do curso nas decolagens sempre que o piloto se atrasava um pouco com suas ações de controle de compensação. Além disso, a baixa potência do motor degradou o desempenho de voo do Messerschmitt original ao nível de suas primeiras versões. A má qualidade das peças originais usadas, bem como as revisões descuidadas da aeronave, levaram a vários pousos forçados e quedas, que não melhoraram a reputação da aeronave. No entanto, apesar de tudo isso, o “Mula” tornou-se a espinha dorsal da Força Aérea de Caça da Tchecoslováquia entre 1948 e 1951. Ele garantiu o treinamento de uma nova geração de pilotos que posteriormente o trocariam por jatos MiG-15, e muitos dos que iniciaram seus carreiras de vôo operacional com o “Mula” se despediram de suas carreiras de vôo como pilotos de MiG-21 supersônicos ou Su-7s. E é preciso dizer que muitos deles se lembravam da Mula, apesar de todas as suas deficiências, apenas com carinho.
Israel foi outro utilizador do avião, com a declaração de independência, e os ataques aéreos vindos do Egito, os israelenses precisavam desesperadamente de aviões de caça, no entanto o embargo de armas impedia a compra dos fornecedores ocidentais. Como a Tchecoslováquia, estava produzindo o S-199 e precisava desesperadamente de recursos, um acordo secreto de compra destas aeronaves foi feito e elas foram contrabandeadas para Israel, sendo os primeiros aviões de caça usados pelo novo país.
(fonte , Eduard)
Este é o primeiro lançamento do novo kit do S-199 da Eduard na 1/72 (prometem o 1/48 para o início do ano que vem) e nesta apresentação Dual Combo, de série limitada, temos dois kits completos, o que permite fazer tanto a verão inicial usando o canopy “Erla” original alemão, quanto o novo canopy tipo bolha desenvolvido pela Avia.
Antes de entrar no kit em si, vale a pena chamar a atenção para o que talvez seja a maior qualidade deste kit, o cuidado com que foram projetados os pontos de contato entre as arvores e as peças. Já tinha comentado no review do novo P-51 B/C da Arma Hobby, como, apesar da quantidade de detalhes do kit, estes pontos de contato muitas vezes invadiam demais as peças nas partes que ficam visíveis. Neste aspecto a Eduard fez um excelente trabalho de engenharia, como se pode ver nas fotos a seguir, os pontos de contato não são apenas estreitos, eles além de serem sempre posicionados de forma a causar o mínimo de interferência, nunca invadem os detalhes das peças estando sempre com a parte maior nas superfícies de internas ou de contado, evitando assim qualquer tipo de dano aos detalhes quando se separa a peça de da árvore. Muito bom.
O kit é muito bem injetado, com linhas de painel finas, rebites e detalhes nítidos e em escala. Num bag temos duas arvores que trazem as fuselagens, ainda que sejam muito parecidas existem diferenças nos detalhes de cada uma dependendo do tipo de canopy utilizado. No outro temos as outras arvores que trazem as asas e o restante das peças do kit.
As asas têm ótimos detalhes, os flaps, ailerons, slats e radiadores são peças separadas. O mesmo vale para os lemes verticais e horizontais que tem uma boa representação das superfícies de controle. O leme vertical tem duas configurações dependo da versão que se vai montar.
O interior é muito detalhado temos assento manche, consoles, pedais, acionadores e painel de instrumentos (complementado com decais) injetados. Outros detalhes são fornecidos na folha de fotogravados. Isso é complementado por detalhes gravados nas laterais internas da fuselagem. Todo interior pode ser montado e encaixado depois da fuselagem fechada sendo inserido por baixo antes de encaixar as asas.
O porão de rodas é bem detalhado, com as paredes internas em peças separadas e detalhes gravados na parte inferior das metades superiores das asas. Vale notar que caso se desejar instalar os canhões sob as asas é preciso abrir os furos antes de fechar as duas metades. Os canhões têm boa representação, inclusive com detalhes internos, mas os canos são sólidos, também são fornecidas as pontas das metralhadoras que aparecem sobre o capo do motor bem como as armas das asas.
O trem de pouso é bem representado, tem rodas e calotas separadas e as portas têm detalhes externos e internos, os tubos do óleo de freio são fornecidos na folha de fotogravados. São fornecidas duas bequilhas, uma padrão e outra mais longa. Temos ainda dois tipos de tanques externos, ambos com boa representação. A hélice e o spinner são peças separadas com boa representação. As descargas também são bem representadas, com bons detalhes, mas não tem as saídas abertas, fazer isso nunca é uma operação fácil de realizar. Outros pequenos detalhes, como antenas e a manivela do assistente de partida do motor tem boa representação perfeitamente em escala.
As transparências são de boa qualidade, perfeitamente translucidas e sem distorções, trazendo além do canopy, as luzes de navegação e o refletor do colimador. Neste conjunto temos também as máscaras de pintura tanto para as transparências como para as rodas.
Uma folha de fotogravados coloridos traz o painel de instrumentos e acionadores alternativos, cintos, tubos de óleo, grelhas dos radiadores e outros pequenos detalhes.
A folha de decais é bem impressa, com filme fino, cores sólidas e sem falhas de registro, com ela é possível fazer 12 versões diferentes entre aviões Tchecos e Israelenses, ilustradas no manual.
O manual segue o padrão da Eduard, no entanto houve uma modificação, que parece ser o novo padrão, o papel deixou de ser o brilhante, e passou a um papel fosco mais simples. Isso não altera a qualidade do manual em si que continua a ser muito bem ilustrado e com passo a passo bem diagramando. Neste manual não veio como de hábito a história do avião, mas na InfoEduard de maio /2022, tem muita informação sobre ele.
Conclusão:
Ainda que não tenha sido um avião bem sucedido, o S-199 teve um desenvolvimento peculiar, importância histórica relevante e pinturas bem variadas. Isso tudo aliado a alta qualidade do kit da Eduard faz deste conjunto uma opção muito interessante.
Acessórios
672284 – Descargas para o S-199
Como alternativa as descargas do novo kit da Eduard, temos estas descargas em impressão 3D, muito bem representadas, com ótimos detalhes e com a vantagem de ter os canos abertos o que dá mais realismo ao modelo.
672285 – Rodas para o S-199
Como complemento para o novo kit da Eduard, temos este par de rodas principais em impressão 3D, muito bem detalhadas, que acrescentam mais realismo ao modelo.