No começo dos anos 30 a Força Aérea Argentina estava em situação bastante precária, aviões antigos, manutenção deficiente e poucas horas de treinamento de voo, levaram a uma série de acidentes. O problema se tornou tão grave que o congresso convocou os militares a dar explicações. Como consequência foi aprovado um programa de modernização da FAA, emergencialmente foram comprados aviões Curtiss Hawk III, para a função de treinamento, com um equipamento mais moderno, até que se comprasse os aviões definitivos. Entre 7 setembro e 27 de novembro de 1936, um grande concurso aéreo foi feito na Base Aérea de Palomar, um evento de grandes proporções para a época, que envolveu a participação de fabricantes de diversos países, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Itália, França e Holanda. Na ocasião, para o novo avião da caça das FAA, foram avaliados o Change Vought 143, o Curtiss Hawk IV e o Seversky P-35. No entanto nenhum dos contendores atingiu as metas propostas e não houve um vencedor. Com a necessidade urgente de se ter um novo avião foi feito um novo concurso em outubro de 1937, também em Palomar. Desta vez também participaram o Fiat Cr-32 e o novo Curtiss Hawk H75. O Curtiss foi o escolhido, em parte por pressões políticas, em parte por se tratar do modelo H75-0, um modelo simplificado, com trem de pouso fixo, mais barato, com menor custo de manutenção e com o mesmo motor que já tinha licença para ser produzido na Argentina. Pelo contrato 30 unidades viriam prontas do EUA com a possibilidade de se construir mais 200 na própria Argentina. Destes últimos foram construídos 20, perfazendo um total de 50 aviões com os números 601 a 650. Eles permaneceram em serviço até 1956, quando o último foi descomissionado.
Fonte : Curtiss III, IV & H75-0 Hawk, En Argentina # 5, de Fernando C. Benedetto, editora Argentina.
O Kit
O kit da Clear Prop é muito bem injetado sem falhas ou rebarbas, com detalhes nítidos e perfeitamente em escala.
O interior tem ótimos detalhes nas duas laterais, com peças separadas o que facilita a pintura. Temos também o assento, encosto de cabeça, pedais, manche, painel de instrumentos complementado com decais para os mostradores e assoalho. Os cintos são representados em decal. O conjunto completo faz o interior do kit muito bem detalhado para a escala e pode ser todo montado a parte e depois colocado no interior da fuselagem antes do seu fechamento. Falta apenas uma peça para representar a retícula de mira, que ficava externa ao canopy. Para isso será preciso adquirir o conjunto de fotogravados vendidos a parte, que contêm esta peça junto com outros melhoramentos.
Os detalhes das asas e fuselagem são muito bem representados, com linhas de painel finas e rebites sem exageros, tudo bem adequado a escala. Os ailerons e o leme vertical são peças separadas. O entelamento das superfícies de controle tem boa representação, também sem exageros.
O motor é muito bem representado para uma peça única injetada, com os tubos das válvulas bem destacados. Os coletores são peças separadas e existem os pontos de entrada e saída dos tubos de óleo que devem ser feitos pelo modelista. O manual ajuda nesta tarefa indicando o diâmetro e o comprimento dos fios de cobre a serem usados. A cobertura do motor é feita com 3 peças, duas metades laterais e o anel frontal. A hélice é bem representada e com o ponto de contato com a arvore na parte central, facilitando o corte. Os escapamentos são peças separadas e também são fornecidas as coberturas de saída dependo da versão que se vai representar. Convém olhar com cuidado a etapa 13 do manual e aplicar as peças A6 ou A7 dependendo da versão e depois confirmar a colocação ou não das coberturas na etapa 18.
Temos duas opções de representação do trem de pouso, com uma cobertura aberta e outra fechada, com a roda em peça separada, tudo muito bem representado.
Nos armamentos temos as duas metralhadoras sobre o motor com a ponta do cano fornecida (peça 25), mas as metralhadoras das asas devem ser feitas pelo modelista caso deseje representá-las. Lembrando que eram removíveis e podiam ou não serem usadas dependendo da missão. Para isso o manual indica a posição e sugere o comprimento e diâmetro a ser usado (etapa 15). Ainda que o kit tenha as gôndolas e os canos para os canhões Oerlikon de 20 mm o manual indica que estas peças não são para este kit. Como alguns exemplares argentinos usavam este armamento, talvez seja lançada uma nova caixa com o uso desta variante.
As transparências são de ótima qualidade, perfeitamente translucidas, sem distorções e bastante finas, perfeitamente adequadas a escala. Existem dois para brisas um inteiriço (G6) e outro dividido em 3 partes (G4). O manual mostra as duas opções na etapa 19, sem indicar, no entanto, qual usar dependendo da versão. Pelo que apurei a versão inteiriça foi usada nos aviões feitos nos EUA (601 a 630) a versão dividida nos aviões fabricados na argentina (631 a 650).
A folha de decais é muito bem impressa, com cores sólidas, filme fino e sem falhas de registro, com ela é possível fazer até 4 versões diferentes conforme ilustradas no manual.
O manual feito em papel de ótima qualidade, colorido, tem o mapa das arvores, ilustração claras e bem diagramadas e conta com uma folha separada com as indicações de pintura e aplicação dos decais em 4 vistas.
Conclusão
A Clear Prop escolheu um avião bastante interessante, que teve, tanto quanto eu saiba, uma única outra representação nesta escala, o kit da Special Hobby de 2003, fora de catálogo.
O kit é muito bom. Ótima qualidade da injeção, passando pelos detalhes do interior, qualidade das transparências e decais e com uma representação geral muito boa. Tudo isso faz dele uma excelente opção para quem esperava por um novo H-75 na versão O.
Extras
Além dos fotogravados a Clear Prop também vende em separado um conjunto de mascaras (CPA72067) adesivas para auxiliar na pintura das transparências e rodas.
Este kit foi comprado pelo autor.
