O Veículo
O Autocanoni su Lancia 3 Ro resultou da montagem do canhão 90/53 (90mm / 53 calibres) sobre o chassis do Lancia 3 RO. Em 1941 os italianos sentiram falta de uma arma antitanque que pudesse fazer frente aos blindados mais pesados dos aliados. Vendo o bom desempenho do canhão 88mm alemão tiveram a ideia de montar o seu 90/53, também uma arma antiaérea, que tinha um desempenho muito próximo do 88, em um sistema móvel. A Ansaldo, fabricante do canhão, foi então foi encarregada de desenvolver o novo projeto no início de janeiro de 1941. Já em fevereiro do mesmo ano foi apresentado o primeiro protótipo, que foi aprovado pelo exército em março. Foi então encomendada a Ansaldo a produção de 30 unidades, que depois foi redimensionada para 10 e depois mais 20. Os 30 exemplares foram entregues até o fim de 1941. Com o aumento das forças aliadas na África do Norte a produção foi bastante aumentada chegando a um total de 129 unidades.
Para a adaptação móvel do 90/53 a Ansaldo desenvolveu uma plataforma metálica com suportes removíveis, que permitiram a montagem e disparo sobre os chassis do caminhão. Dois veículos foram usados o Lancia 3 Ro e o Breda 51 Coloniale. Ainda que o Breda fosse um veículo mais indicado, devido a sua maior potência de motor e sua maior capacidade de carga, a produção foi concentrada no Lancia que era um veículo de produção bem mais barata. Como a plataforma dependia de um gerador para fazer funcionar o dispositivo elétrico que fazia a graduação da munição, o motor precisava ficar ligado enquanto o canhão estivesse operando e isso levou a algumas modificações. A cobertura lateral do motor era ligeiramente maior e muitas vezes era retirada. Para evitar o superaquecimento da cabine o vidro traseiro foi aumentado, com uma abertura superior adicional e era coberto por uma cortina de madeira. Já o para-brisas dianteiro foi modificado de forma que pudesse ser basculado para dentro e ficar preso na parte interna do teto, abrindo todo o vão. Como este movimento interferia com a posição do volante, o vidro na frente do motorista foi divido em dois, na horizontal, para que pudesse ser dobrado e passar pelo volante.
Ainda que o desempenho do canhão fosse considerado muito bom, sendo capaz de destruir qualquer blindado aliado a uma boa distancia, o conjunto tinha vários problemas. Era muito alto, o sistema de montagem e desmontagem da posição de fogo era todo manual e bastante lento, o desempenho do veículo era bastante ruim, não tinha capacidade para rodar fora de estrada e mesmo nas estradas era bastante lento.
Mais informações sobre o Lancia 3 Ro neste review.
Fonte: Autocannonni su Lancia 3 Ro, Filipo Capellano e Claudio Pergher, Notiziario Modelistico 3/97
O kit
O kit da IBG tem as mesmas características das outras versões e vamos nos concentrar nas principais diferenças, ainda que a fotos cubram todo o kit.
A cabine tem uma nova parte traseira, mostrando corretamente as áreas envidraçadas bem como a representação das proteções e da cortina de madeira, mas esta última só tem a representação estendida. No entanto temos um problema no para-brisa dianteiro, ele representa o Lancia padrão e não traz a divisão que foi crida na frente do motorista nesta versão. Para uma representação mais acurada vai ser preciso criar este detalhe.
A plataforma do canhão é muito bem representada, com detalhes bastante bons. O Conjunto pode ser representado em posição de tiro ou transporte, para isso o piso é dividido de forma que todas as partes móveis possam ser rebatidas, as sapatas são peças separadas para que possam ser arrumadas na posição de transporte. Temos também todos os detalhes das superfícies inferiores
O único problema está no mecanismo de acionamento das sapatas. Primeiro as coifas têm uma representação bem pouco parecida com a real, neste ponto o kit da Italeri, que é bem mais simples, acertou. Segundo a posição das coifas só esta certa para a posição de tiro. Na posição de tiro as coifas inferiores estão estendidas e as superiores comprimidas, já na posição de transporte, quando as sapatas foram elevadas, a deformação se inverte, estendida em cima, comprimida embaixo. A IBG representou as coifas estendidas e comprimidas, mas a parte comprimida esta fica fixa na parte superior do suporte, e o manual mostra o mesmo arranjo nas duas situações. Caso queira representar o conjunto na posição de transporte, a solução seria cortar a coifa superior e inverter a posição, retirando a representação do topo coifa menor passando para a maior e fazendo o mesmo processo com a parte da coifa maior que encaixa na sapata, que por sua vez deve ser colocada na menor. Não é uma tarefa difícil, mas a IBG deveria ter previsto isso e feito as coifas já prevendo as duas posições, já que oferece esta alternativa.
O canhão tem uma representação muito detalhada, a boca já vem aberta, os amortecedores de recuo são peças separadas, a culatra também é aberta e com o mecanismo de trava e temos ainda o suporte de trava do cano para transporte. O sistema de mira, as manivelas e volantes e os bancos, tem uma representação bem adequada a escala. O escudo é bem representado com a superfície rebitada representada nas duas faces e com os reforços internos.
O restante do kit segue com as mesmas características já vista nestes reviews: 72098 e 72093
A folha de fotogravados traz alguns complementos para detalhes do motor, cabine e plataforma do canhão.
Uma folha de decais, bem impressa e sem falhas de registro, traz 3 licenças diferentes para veículos usados no norte da África, mostradores para o painel do caminhão e para o sistema de mira do canhão e o símbolo para a porta que identifica o uso pela divisão Centauro.
O manual, no padrão da marca, tem o mapa das arvores, mas sem a numeração das peças, sugestão de tintas de 6 fabricantes, o passo a passo ilustrações nítidas e bem distribuídas em nove etapas e uma folha colorida com a representação da pintura.
Conclusão:
O kit da IBG representa um veículo bastante interessante e representativo dos combates no norte da África durante a segunda guerra. Tem uma ótima representação, ainda que com pequenas falhas, como apontado no texto. O único outro kit injetado do Autocannone 90/53 3Ro é o Italeri, que tem a correta representação do para-brisa e das coifas além de ser acompanhado por figuras, mas é bastante simplificado nos detalhes e não tem a possibilidade de montar o conjunto na versão de transporte, ainda que para isso o kit da IBG precise das alterações conforme explicado acima.