Typhoon Mk.Ib 1/48 Limited Edition Eduard #11117

Typhoon Mk.Ib 1/48 Limited Edition Eduard #11117

Introdução

A proposta da Hawker para a “geração seguinte” de caças ingleses, concebida antes mesmo do primeiro vôo do Hurricane em 1937, também nasceu da prancheta de Sidney Camm. Dentro da mesma estrutura básica, o novo caça poderia ser impulsionado pelos poderosos motores Rolls Royce Vulture e Napier Sabre, ambos da classe dos 2000 cavalos. O primeiro projeto, chamado de Tornado, naufragou junto com o complexo motor RR Vulture, que arrastaria para o esquecimento também o bombardeiro Avro Mancester. O segundo, apesar de todos os problemas do motor Sabre, vingou e recebeu o nome de Typhoon.

A concepção do Typhoon mantinha vários aspectos do Hurricane, como a estrutura tubular da fuselagem dianteira e as asas grossas. Sólida para meados dos anos 30, essa abordagem revelou-se problemática no mundo real quando acoplada a um motor muito mais possante. Problemas aerodinâmicos graves de compressibilidade nas asas e de vibração na cauda surgiram em velocidades mais elevadas, o que levou Camm a rapidamente reavaliar as asas do Typhoon e conceber o Typhoon II (depois chamado de Tempest). O motor Sabre, pelo seu lado, apresentou diversos problemas de confiabilidade que quase comprometeram todo o projeto. Mesmo contornada a parte crítica dos problemas de confiabilidade, o Sabre não apresentava um desempenho bom acima de 12.000 pés, o que limitava substancialmente as ações do Typhoon como caça.

Afora alguns nichos como a interceptação de intrusos em baixa altitude, o destino do Typhoon era incerto por volta de 1942-43, quando a evolução da Guerra demonstrou que a cobertura às forças de terra (CAS) e a interdição ao campo de batalha eram funções importantes para as quais a RAF não dispunha de uma plataforma específica. Com sua enorme capacidade de carga útil e excelente desempenho em baixa altitude, o Typhoon revelou-se uma excelente opção. Em outubro de 42 os primeiros Typhoon “bombardeiros” chegaram ao Esquadrão 181, e ao final do ano todos os novos Typhoons eram capazes de carregar bombas.

O sucesso do Typhoon foi enorme nos fronts onde foi empregado, servindo aos britânicos como o Il-2 Sturmovik soviético, o P-47 Thunderbolt americano (também usado nessa função pela FAB na Itália) e o pioneiro Ju-87 Stuka alemão.

Ao longo do seu tempo operacional, o Typhoon sofreu diversas atualizações que aumentaram a sua confiabilidade, desempenho e poder de fogo. Entre elas, a opção de levar até 8 foguetes não guiados RP-3, a revisão do sistema de filtragem de poeira para operação nos campos avançados próximos ao front, a revisão das rodas do trem de pouso e a profundores revisados (emprestados do Projeto do Tempest) que junto com a adoção de uma nova hélice de 4 pás ajudou a mitigar o grave problema de vibração na cauda. Somados ao canopi em bolha de alta visibilidade e a diversos reforços estruturais, no inverno de 1944-45 o Typhoon era um temível oponente para Wermacht com seus foguetes e bombas, especialmente quando a superioridade aérea estava garantida.

Sobre o uso de foguetes e bombas, uma curiosidade: embora ambos pudessem ser instalados em todos os Typhoon, a prática operacional da 2ª TAF determinou que os esquadrões (e consequentemente suas aeronaves) fizessem uso somente de bombas ou somente de foguetes, criando os esquadrões de “Bombphoons” e os “Rockphoons”.

Algumas boas referências para saber mais sobre o Typhoon são as Monografie Lotnicze 94 e 95, o Squadron/Signal In Action nº102 (Typhoon e Tempest In Action) e o Typhoon Wings of 2nd TAF 1943-45 (Osprey Combat Aircraft nº86). Os livros de Kev Darling sobre a família Typhoon/Tempest/Sea Fury (Crowood Press, 2003) e de R.T. Bickers (Hawker Typhoon – The Combat History, Airlife Pub., 2002) também trazem muitas informações interessantes sobre o Typhoon. Uma leitura interessante relacionada aos Typhoon e que infelizmente não possuo deve ser o relato dos anos de combatente do S/L Tony Zweigbergck, um dos pilotos do MP197 (Esquema E), escrito por sua filha Britta (Tony’s War, Pegasus Ellitt Mackenzie Publishers, 2007). 

O kit

Esta edição limitada lançada pela Eduard procura permitir ao modelista montar um modelo “estado-da-arte” na escala 1/48 que incorpore todas as características dos Typhoon dos últimos meses da Guerra.

Para isso, A Eduard importou do Japão o excelente kit Hasegawa e adicionou duas folhas de fotogravados com mais de 60 peças, uma série de peças em resina para fazer a hélice de 4 pás, os profundores “do Tempest” e o filtro tropical usado em alguns dos Typhoon de última série, além de uma bela folha de decais da Cartograf italiana e um jogo de máscaras para canopi e rodas. Seis opções de decoração são possíveis, bastante representativas da operação dos Typhoon desde o dia D até os meses finais de 1945, já como parte das Forças de Ocupação.

Vejamos então:

A caixa do kit segue o padrão da Eduard, com uma bela ilustração de um Typhoon do Esquadrão 175 em ação na tampa. A caixa é suficientemente ampla para acomodar todo o conteúdo com tranquilidade. As peças em poliestireno vêm na embalagem original da Hasegawa, todas em um único saco plástico à exceção das pequenas árvores de transparências que vêm juntas em um pequeno saquinho lacrado inserido no saco principal.

Com uma dúzia de peças compartilhando o mesmo saco, mesmo sem muita pressão na caixa, inevitavelmente algumas sofreram pequenos danos na nossa amostra: a asa inferior (com alguns discretos arranhões na parte ventral da fuselagem) o assento do piloto (destacado da árvore) e um foguete (empenado). Nada grave de qualquer maneira – todas as peças puderam ser consertadas para as fotos sem maiores consequências.

As quase 100 peças em poliestireno da Hasegawa são excelentes, com muito poucas rebarbas, linhas de painel finas e bem definidas e detalhes delicados, incluindo rebites e parafusos de fixação, tudo bastante adequado à escala. A engenharia do kit é relativamente simples e apenas alguns inserts dão espaço para as diversas variantes do avião. O kit tem uma reputação de montagem fácil e precisa. No geral, apesar de já ter sido lançado há quase vinte anos, o Hasegawa continua sendo provavelmente o melhor kit base do Typhoon na 1/48.

As árvores A e B trazem as metades da fuselagem, as portas do trem de pouso, as faces do radiador e a bequilha. A área externa do Canopi é feita em duas metades pelas peças G1 e G2, específicas para os “bubbletop”. Relatos de colegas sugerem que essas peças sejam unidas e ajustadas às metades da fuselagem (peças A1 e B1) antes do fechamento da mesma, de modo a garantir um bom alinhamento nas laterais. A fresta resultante na emenda central da fuselagem poderá então ser preenchida com um pouco de plasticard, massa e lixa – uma operação relativamente simples. A parte mais delicada, na área do canopi, será coberta sem problemas pelo fotogravado PE70.

A árvore C traz a hélice tripá e sua placa de fixação, sendo desnecessária nesta edição pois todos os Typhoon propostos usarão a hélice de 4 pás em resina. Uma boa aquisição para a caixa de peças de reposição.

As árvores E e F trazem as metades superior e inferior das asas, além das pernas principais do trem de pouso. A base dos canhões é moldada como parte integral das metades das asas, o que pode exigir algum trabalho cuidadoso de limpeza na montagem e complica um pouco a aplicação de canhões em metal ou resina, caso seja desejo do modelista. Os cabides de bombas, simples como devem ser, estão na árvore E junto dos canos de descarga das versões iniciais do Typhoon que não serão usados. As luzes de navegação e as coberturas dos faróis de pouso serão feitas com peças da árvore M, em plástico transparente – uma boa solução que adiciona bastante realismo ao modelo. O interior das caixas das rodas do kit é um pouco espartano, mas pode ser enriquecido, caso o modelista deseje, com algum trabalho em scratch ou com o uso de acessórios aftermarket como o conjunto Eduard #48916.

A árvore N traz diversas peças para o cockpit, como a estrutura tubular do interior, a coluna do manche e o “assoalho”. Além dessas peças, a árvore também traz peças que poderão ser substituídas ou não por peças oferecidas nas folhas de fotogravados: o assento do piloto, os pedais do leme de direção, algumas manetes e o painel de controle – este extremamente bem realizado mas que certamente será substituído pelo ainda melhor oferecido em fotogravado colorido sobre o qual falaremos mais adiante. Completam a árvore N o pitot e o estribo para embarque do piloto. A árvore S por sua vez traz a placa de blindagem traseira (que será em parte substituída pelas peças fotogravadas PE71 e PE68) e mais algumas manetes.

A árvore Q, dupla, traz as metades dos profundores (que serão substituídos pelas resinas R10/R11/R12), as extremidades dos canhões, as metades de cada roda do trem principal, os acionadores e as as pinças das pernas do trem de pouso e as pinças dos suportes das bombas, além do que talvez seja o ponto mais fraco do kit, os escapamentos. Embora razoáveis após algum retrabalho, os escapamentos do kit de fato clamam por serem substituídos por peças mais elaboradas, como as do conjunto Eduard #648414.

A árvore T, também fornecida em duplicata, traz os trilhos e os foguetes RB-3 típicos dos “Rockphoons”. Os trilhos são razoavelmente bem detalhados, o suficiente para serem montados sem os foguetes propriamente ditos. Isso pode ser uma opção, pois os foguetes do kit são simplificados, necessitando pelo menos de barbatanas e clipes de sustentação em metal ou plasticard fino. A fiação do acionamento dos foguetes, bastante notória nos RB-3, também não é fornecida, podendo ser feita em scratch sem muita dificuldade. Uma excelente opção para os foguetes do kit é o conjunto da linha Brassin da Eduard #648394 que traz todos esses detalhes em fotogravado e mais foguetes muito bem moldados em resina.

As transparências estão nas árvores L (para-brisas e canopi) e M (coberturas dos faróis e luzes de navegação e colimador). São consideravelmente finas e bem moldadas, embora um modelista extremamente exigente talvez prefira usar canopi e para-brisas em termoformado.

Duas folhas de fotogravados são oferecidas. Uma, convencional em latão, traz diversas peças como um assento completo para o piloto, reforços e cantoneiras diversas, grade para o radiador, etc. A outra folha, colorida, incorpora a mais recente tecnologia da Eduard de impressão e o resultado é realmente impressionante. Os instrumentos têm uma resolução fantástica e ainda apresentam uma “lente” transparente emulando os vidros dos instrumentos. Os cintos chegam a apresentar nuances de sombreamento, tal a resolução da impressão. No meu exemplar há pequenos excessos de tinta nas bordas dos cintos de segurança, nada que que uma passada de dedo não remova. Adicionalmente, uma pequena folha de máscaras autoadesivas pré-cortadas em fita tipo Kabuki é fornecida para facilitar o mascaramento do canopi, para-brisas e rodas. Uma adição normal nos kits mais sofisticados da Eduard, essas máscaras são muito convenientes. Uma pena que não foram fornecidas nesta edição máscaras para as coberturas dos faróis e das luzes de navegação das pontas das asas, aí seria a perfeição.

A cereja do bolo do kit são as peças em resina, simplesmente impecáveis. Com elas fazemos os profundores “do Tempest”, o filtro de ar “tropical” e a hélice de 4 pás. Para a hélice, além da placa de montagem e dos cubos interno e externo finamente detalhados, recebemos também um gabarito (R17) para montar a hélice sem erros.

Completa o kit uma folha de decais completa impressa pela Cartograf. Como é de esperar, a resolução e o registro são impecáveis – mesmo os menores estênceis podem ser lidos facilmente. A comentar apenas a cor de vários códigos dos aviões, nos quais o verde “sky” parece estar algo mais vivo do que que o que normalmente se vê. Um ponto aberto para debate. As instruções, seguindo o padrão dos kits Eduard, vêm em um folheto de 15 páginas impresso em papel de alta qualidade e a cores. Você pode baixá-las em formato digital neste link.

Opções

O kit traz seis opções de decoração, todas de Typhoons operacionais em diferentes momentos entre junho de 1944 e final de 1945, já no pós-Guerra:

A – MN529, F/O Ian Handyside, No. 184 Squadron, No. 129 Wing, RAF Westhampnett, Great Britain, June 1944

   RAF Westhampnett estava instalada onde hoje é o famoso autódromo de Goodwood. O MN529 participou das operações do Dia D e sofreu com a poeira nos aeródromos improvisados após os desembarques. Foi perdido em outubro de 44. Handyside foi abatido em janeiro de 45 e passou o restante da Guerra como prisioneiro de guerra.

B – MN819, S/Ldr Jack Collins DFC, No. 245 (North Rhodesian) Squadron, No. 121 Wing, RAF Holmsley South, Great Britain, June 1944

   RAF Holmsley South Ficava perto da costa do Canal, a 90km ao sul de Londres. O esquadrão passou a operar da França após o Dia D. Jack Jollins perdeu a vida em um acidente em outubro, e o MN819 foi abatido pela Flak em abril de 45.

C – RB431, W/Cdr John ‘Zipp’ Button DSO, DFC, No. 123 Wing, B.103 Plantlünne, Germany, April 1945

Plantlünne, ao norte de Rheine na Baixa Saxônia, foi ocupada pelo III/JG.26 até cair nas mãos doa aliados. A Esquadra 123 operou dali nas últimas semanas da Guerra. O avião do W/C Button tinha duas câmeras instaladas nas baias dos canhões internos e metade da hélice e seu cubo pintados de branco, fazendo deste um Typphoon bastante peculiar.

D – RB207, F/O Bill Beatty, No. 438 (RCAF) Squadron, No. 143 (RCAF) Wing, B.150 Hustedt, Germany, May 1945

   Até o início de abril de 45 Hustedt (uma das bases satélite de Celle) foi abrigo do Staß do JG.26. O RB 207 era um “Bombphoon” que teve suas operações zelosamente marcadas pelo pessoal de terra na fuselagem de boreste.

E – MP197, No. 245 (North Rhodesian) Squadron, No. 121 Wing, B.164 Schleswig , Germany, June 1945

   Um dos mais fotografados Typhoons do final da Guerra, o MP197 teve a sua boca de tubarão pintada nas últimas semanas do conflito e somente recebeu a faixa “xadrez” após o fim das hostilidades. Schleswig foi ocupado pelos aliados em 6 de maio de 45 e hoje serve como base do TaktLwG (Taktisches Luftwaffengeschwader) 51 “Immelmann“.

F – SW399, F/O Ronald Sweeting DFC, No. 175 Squadron, No. 121 Wing, B.164 Schleswig, Germany, July 1945

   O SW399, pertencente ao último lote fabricado de Typhoons, já era operacional em janeiro de 1945, mas somente chegou ao Esquadrão 175 em 10 de maio, tarde demais para participar das hostilidades. Curiosamente o Governo Alemão de Dönitz após a morte de Hitler estava sediado a poucos quilômetros dali, em Flensburg. Sweeting assumiu este avião e o manteve até setembro de 45, quando o esquadrão foi dissolvido.

 Os esquemas A, B, E e F são “Rockphoons”, os esquemas D é um “Bombphoon”. O avião do W/Cdr Zipp (esquema C) tinha os cabides para bombas e câmeras no lugar dos canhões internos, um arranjo deveras peculiar.

Os esquemas C, D e F apresentam os filtros de ar “tropical” representados pela peças PE66 e RP18.

Complementos

Para levar o detalhamento deste kit ainda além, a Eduard oferece alguns conjuntos de acessórios em fotogravado e na linha Brassin. Fizemos review de alguns desses itens, que podem ser acessados aqui.

648412 – Typhoon Mk. Ib wheels early 1/48

648413 – Typhoon Mk. Ib wheels late 1/48

648414- Typhoon Mk. Ib exhaust stacks 1/48

48916 – Typhoon Mk. Ib upgrade set 1/48

648394 – British Rocket Projectiles RP-3 60lb S. A.P. 1/48

648370- Typhoon Mk. Ib fuel tanks 1/48

FE181 – Seatbelts RAF late STEEL 1/48

Overtrees e acessórios

Por tempo limitado, a Eduard oferece exclusivamente em seu site por tempo limitado a edição Overtree deste kit (#11117X), compreendendo as peças em plástico sem decais, fotogravados, resinas, máscaras nem instruções. As mesmas folhas de fotogravados deste kit também estão em catálogo por tempo limitado sob o código 11117-LEPT e as resinas com o código 11117Y.

Conclusões

A importância histórica do Hawker Typhoon é inquestionável. Operados com bravura e competência eles desempenharam um papel importante nas campanhas do Front Ocidental até a capitulação alemã. Uma peça que tem lugar em qualquer coleção de aeronaves da II Guerra Mundial.

Esta edição oferecida pela Eduard permite modelar o Typhoon no ápice do seu desenvolvimento, com todos os detalhes característicos, alguns inclusive já vivendo a paz que plantaram com muita luta. O kit base Hasegawa, enriquecido pelos acessórios oferecidos permite montar um Typhoon “estado-da-arte”, que bem executado será destaque em qualquer mesa ou prateleira. Pretendo levar este kit o quanto antes para a bancada, de modo a estar pronto para “receber” o anunciando novo kit Eduard do Tempest, esperado para o final deste 2018 / início de 2019.

Recomendo muito esta edição para modelistas com alguma experiência com kits de complexidade moderada e peças em fotogravado e resina.

Obrigado à Eduard pelo envio do exemplar para review!

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