Spitfire Mk.VIII 1/72 Weekend – Eduard #7442
Introdução
Mesmo armas extremamente sofisticadas para o seu tempo, como o Supermarine Spitfire, tiveram que evoluir muito rapidamente para fazer face ao apresentado pelos inimigos. A corrida para aumentar o desempenho com eficiência e segurança operacional levou, durante o ano de 1941, ao desenvolvimento dos motores Rolls Royce Merlin da série 60. Equipados com um compressor de dois estágios e duas velocidades, a sua grande vantagem era a versatilidade, oferecendo desempenho modulado em uma grande faixa de altitudes com melhor consumo de combustível – importante para estender o sempre problemático alcance do Spitfire. Auxiliado pelos supercompressores, a 9.100 metros de altitude um Spitfire com motor Merlin da série 60 possuía nada menos que 300 cavalos a mais que o Merlin 45 que equipava os Mk.V, o que se traduzia em um ganho de velocidade de mais de 100 km/h!
Se esses novos motores Merlin eram mais potentes (e mais pesados) que os Merlins II originais, os esforços aplicados à estrutura do Spitfire estavam se aproximando do limite do razoável. A solução encontrada envolveu uma extensiva reengenharia da estrutura interna das fuselagens e das asas. Isso permitiria estender consideravelmente a vida útil do projeto do Spitfire, capacitando-o a receber motorizações ainda mais potentes e a ser submetido a esforços cada vez maiores.
O posicionamento do centro de gravidade e seus efeitos sobre a estabilidade do avião, bem como a necessidade de aumentar o poder de fogo, munição e o raio de ação também foram fatores considerados nesse quase redesenho do Spitfire. A partir dessas considerações, outros itens em desenvolvimento foram incorporados, como tanques de combustível nos bordos de ataque internos das asas e a bequilha retrátil que seria lançada no (cancelado) Mk.III. Outro aspecto importante foi a introdução de ailerons encurtados, que visavam aliviar os esforços em manobras e, principalmente, reduzir o flutter em altas velocidades.
Duas variantes desse “Super-Spitfire” foram concebidas: o Mk. VII, equipado com Merlins 64 especiais para grandes altitudes e o Mk. VIII, que receberia os Merlins 61. A ideia era que os Mk.VII seriam o tipo principal de produção (dentro do cenário esperado de batalhas predominantemente travadas em grandes altitudes) e os Mk.VIII seriam um tipo complementar que substituiria os Mk.V “clipped, cropped, clapped” equipados com os motores Merlin 45M nas missões em baixa altitude. Esses aviões seriam produzidos somente a partir de 1943, pois exigiam um extenso programa de adequação nas linhas de produção, com troca de ferramentaria e gabaritos nas fábricas.
Com o inesperado surgimento do FW 190 no segundo semestre de 1941, foi necessário acelerar o lançamento dos Spitfires com motores da série 60, surgindo o “provisório” Mk.IX, um Mk.V com o novo motor adaptado às pressas e que acabou se tornando um grande sucesso. Enquanto a produção dos Mk. IX foi priorizada e direcionada para grande fábrica de Castle Bromwich, o desenvolvimento e produção dos novos Mk.VII/VIII foi realizado com prioridade mais baixa na própria fábrica da Supermarine, pois a principal demanda (de caças capazes de fazer frente imediata aos FW 190) estava razoavelmente bem coberta pelos Mk.IX.
Somente no final de 1942 os primeiros Mk.VIII começaram a ser entregues. Nesse ponto, entrou em jogou um fator importante na aviação de combate que é a padronização dos equipamentos. O uso dos Mk.IX já estava disseminado entre as unidades da RAF, e a manutenção e a cadeia de suprimento de peças de reposição toda girava em torno das células já operacionais, entre elas um contingente ainda importante de Mk.V. A RAF decidiu então que os Mk.VIII, embora mais modernos, seriam usados primordialmente nas unidades de além-mar, fora do teatro europeu ocidental. Afinal, uma vantagem importante dos Mk.VIII era o seu raio de ação, que podia ser aumentado pelos tanques de combustível auxiliares, aspecto valioso nesses tetros de operação. Assim, os Mk. VIII combateram – com destaque –no norte da África, Itália, Sul da França, Oriente Médio, Índia, Birmânia e no extremo oriente. Onde seriam mais úteis e causariam menos problemas. Já a não concretização dos ataques alemães a grandes altitudes (sim, a Inteligência também falha!) acabou determinando que poucos Mk. VII fossem produzidos e encaminhados apenas a algumas unidades selecionadas.
Vale mencionar que vários dos avanços que foram concebidos ao longo do desenvolvimento dos Mk.VIII, como o filtro Vokes universal, o leme pontudo de maior área, a capota em bolha, acabaram sendo incorporados aos poucos nas linhas de produção do “temporário” Mk.IX, contribuindo para a enorme diversidade de feições que o Mk.IX/XVI apresentou em operação.
De qualquer maneira, os Spitfires tipo 360 (Mk.VIII) representaram o ápice do desenvolvimento dos Spitfires com motor Merlin. Com um excelente raio de ação (1060 km com a tancagem interna e até 1900 km com tanques suplementares) e desempenho similar ao do Mk.IX, também é apontado por muitos como o mais elegante de todos os Spitfires.
O kit
Como os demais kits da Eduard de Spitfires Merlin Série 60 na escala 1/72, este kit é composto de seis árvores de peças, cinco das quais são comuns a todos os kits e uma (no caso desta versão, a árvore “F”) que é específica contendo a fuselagem, asas, capotas do motor e lemes de direção.
O acabamento das peças é muito bom e as medidas são bastante exatas.
Como trata-se de uma versão Weekend, acompanha o kit apenas uma folha de decais que permitem modelar duas opções, ambas bastante conhecidas pelos entusiastas do Spitfire. A primeira é o A58-602, RG-V, do Esquadrão 80 da RAAF. Pilotado pelo Wing Commander Bobby Gibbes, este avião operava em Molotai em abril de 1945. A segunda é um Mk.VIII com as pontas das asas “estendidas”, especiais para grandes altitudes. O JF330, “HB” era a montaria do Vice Marechal do Ar Harry Broadhurst, comandante da Desert Air Force em janeiro de 1943. Este avião é camuflado no padrão do deserto, Dark Earth / Midstone / Azure, com o cubo da hélice vermelho. Coerente com a proposta da linha weekend, a folha de decais também oferece cintos de segurança e as faces dos instrumentos do painel principal, que podem ficar razoavelmente convincentes caso o cockpit seja montado fechado.
O folheto de instruções segue o padrão das edições Weekend, apresentando em 12 folhas tamanho A5 a disposição das peças nas árvores, uma lista de tintas segundo os códigos dos produtos da GSI Creos / Gunze, a sequência de montagem bem ilustrada e os esquemas de pintura e de aplicação dos decais. Tudo bem colorido e impresso em papel de excelente qualidade. Você pode baixar as instruções em PDF no site da Eduard, seguindo este link.
Conclusão
Esta é uma opção mais barata e de montagem mais simples e direta para se ter na coleção aquele que é considerado por muitos o mais belo dos Spitfires, usando o melhor kit disponível no momento na escala 1/72. A escolha das decorações também foi bastante feliz, permitindo montar em ambas as possibilidades apresentadas aviões igualmente bonitos e representativos.
Recomendado sem restrições para todos os apreciadores de Spitfires e da escala 1/72.
O conjunto de Fotogravados SS601
Para complementar este kit, a Eduard disponibiliza em separado o conjunto de fotogravados SS601. Com esse conjunto é possível melhorar nitidamente o detalhamento do cockpit e de outras áreas como os radiadores e pinças do trem de pouso. As instruções para este conjunto específico podem ser baixadas a partir deste link.
Recomendado para quem desejar tirar mais do kit Weekend.
Obrigado à Eduard pelo envio do exemplar para review!