Macchi MC.72 “World Speed Record” 1/72 – SBS Model #7015

Macchi MC.72 “World Speed Record” 1/72 – SBS Model #7015 na Hobbyeasy

 

Introdução

Considerado por muitos um dos mais belos aviões jamais construídos, o hidroavião Macchi MC.72 foi por alguns anos também a mais veloz máquina pilotada por um ser humano.

Resultado da intensa competição pelo Troféu Schneider, o MC.72 foi a última esperança dos italianos para impediar a conquista definitiva do troféu pelos ingleses. Problemas no projeto às vésperas da competição levaram a acidentes fatais e impediram a participação italiana na disputa de 1931, que consagrou o Supermarine S.6b de Reginald Mitchell como o vencedor definitivo do Troféu. 

Os italianos, com o orgulho ferido, continuaram a desenvolver o MC.72 no Reparto Sperimentale Alta Velocitá e, após resolver os principais problemas do MC.72, bateram duas vezes com ele o recorde absoluto de velocidade, em abril de 1933 e novamente em agosto de 1934. O recorde de 709,2 km/h estabelecido pelo MC.72 MM181 pilotado por Francesco Agello perdurou absoluto até 1939, foi quebrado por um protótipo especialmente modificado do caça alemão Heinkel 100. O recorde de hidroaviões perdurou até 1961, quando foi batido por um Be-10 a jato. O recorde de velocidade para hidroaviões a hélice pertence até hoje ao MC.72.

O aprendizado com a série de projetos Macchi para o troféu Schneider foi essencial para o desenvolvimento dos caças Macchi da II Guerra, das séries MC.200 Saetta, MC.202 Folgore e MC.205 Veltro, todos projetados pelo mesmo Mario Castoldi.

O MC.72 MM.181 está preservado no Museo Storico dell’Aeronautica Militare em Vigna di Valle, nos arredores de Roma.

Um artigo nosso contando em mais detalhes a saga do MC.72 e do seu piloto, Francesco Agello, pode ser encontado aqui.

O kit

Até recentemente o modelista que desejasse montar um MC.72 na escala 1/72 podia escolher entre o rústico kit da Delta lançado nos idos de 1973 ou tentar fazer um em scratch. Em outras escalas havia um kit também muito básico da Smér (algumas fontes citam como 1/48, outras como 1/50) e alguns kits em vacuform ou resina na 1/32, todos de qualquer maneira caríssimos e quase impossíveis de se obter.

Eis que no ano passado a húngara SBS lançou um kit 1/72 do “avião do recorde” em resina, com alguns detalhes menores em fotogravados e uma folha de decalques. Recebemos um exemplar esta semana e imediatamente preparamos esta análise.

Embalagem

Em papelão grosso, a embalagem é resistente como um kit merece. Qualquer kit, especialmente um pequeno kit em resina – que normalmente é bastante frágil. Depois de viajar da Hungria para Hong Kong e de lá para o Brasil, passando pelos nossos amáveis correios, o kit sobreviveu incólume. Parabéns para a SBS pela atenção a este detalhe muitas vezes negligenciado até por grandes indústrias.

Peças em resina

São poucas. Impressionantemente poucas, 30 no total (a deriva inferior do leme de direção é opcional, ou seja são necessárias 29 peças). Uma delas, o para brisas, é em resina transparente, impecável. A qualidade da moldagem das peças é excepcional, sem bolhas ou falhas e a resolução dos detalhes é impressionante – talvez um pouquinho exagerada para a escala, ainda mais se tratando de um avião de corrida que normalmente é bem limpo. Olhando em algumas fotos do 1:1 preservado, nota-se que a superfície dos radiadores não é tão rugosa assim e as linhas de painéis e rebites/parafusos não são tão destacados, mas a forma como foram realizados no kit agradam aos olhos e tratadas com discrição quando da pintura deverão dar um bom resultado.

O kit traz até guias e pinos de alinhamento para as junções mais críticas, um capricho bem vindo num universo onde até kits de fabricantes de grande porte ainda vêm sem esse tipo de facilidade.

Porém – sempre há um porém – o kit traz uma imprecisão que pode deixar alguns modelistas um pouco desconfortáveis: a fuselagem traseira do MM.181 quando bateu o recorde (motivo desta edição do kit) não tinha um radiador aplicado no ventre. O kit traz esse radiador gravado na área. Esse radiador também está ausente nas fotos posteriores do mesmo avião, por exemplo no Salão de Paris de 1934 e mesmo hoje em dia preservado no museu.

Legal, o que fazer? Modelistas normais deixariam o radiador quieto no modelo – afinal, o modelo fica mais vistoso com mais aquela placa dourada no ventre. Modelistas muito exigentes lixariam e emassariam o detalhe, suprimindo-o. É uma tarefa relativamente fácil, ainda mais se tratando de resina, e o resultado tem tudo para ficar esteticamente perfeito e historicamente acurado.

Decais

O kit fornece uma folha de fotogravados que é bastante simples, em latão polido. Encontramos na folha a face do painel de controle (há um pequeno filme de acetato para os instrumentos), algumas pequenas alavancas (acelerador e mistura, provavelmente), os pedais do leme de direção e cintos de segurança (como no original, só cintos abdominais). Os decais basicamente são para o MM.181, o avião dos recordes de Agello. A folha é pequena – o avião não tinha mesmo muitas marcações.

Cuidado, porém, ao escolher as versões se desejar ser rigoroso. Com a folha pode-se decorar:

1-      o MM.179, de 1931 (com a configuração que poderia ter ido à Copa e que tinha radiador no ventre da fuselagem traseira e não tinha a tomada de ar sobre o capô), 

2-      o MM.181 ao bater os recordes de velocidade (sem o radiador no ventre da fuselagem traseira e com a tomada de ar sobre o capô),

3-      o MM.181 como apresentado no Salão de Paris de 1934 (igual ao anterior mas com a inscrição alusiva aos recordes na barbatana do leme de direção) e

4-      o MM.181 hoje em dia, no Museu de Vigna di Valle (com uma pintura ligeiramente diferente, veja as fotos).

Instruções

As instruções vêm em uma pequena folha de papel sulfite A5, perfazendo 4 páginas impressas em preto e branco, e mais uma folha com o esquema de pintura em 4 vistas, impressa em papel couché colorido. 

Na primeira página temos um esquema das peças e sua numeração. As três páginas seguintes mostram de forma bastante esquemática a sequência sugerida de montagem. Alguns passos podem levar o modelista a enganos, como por exemplo na preparação dos cubos hélices – não há indicação de onde separá-los dos blocos de moldagem. cortados em excesso, o modelista encontará dificuldades no alinhamento das hélices. Outro problema mal explicado nas instruções é a necessidade de se remover o radiador ventral para algumas opções de montagem, como explicado anteriormente. As instruções também não esclarecem para quais opções devem ser aplicadas as derivas inferiores, peças 8 ou 9.

Por fim, as instruções não trazem indicações de como pintar o interior do cockpit.

Fotogravados extra – tirantes

A SBS lançou uma folha de fotogravados (#72042) à parte com os diversos tirantes que sustentam a estrutura do modelo e que deveriam ser “fabricados” pelo modelista. Como os tirantes do original eram perfilados, a solução de fotogravados é excelente, com a vantagem de eles estarem marcados para corte na medida exata. Não recebi esse conjunto para review, mas já encomendei um (link para a  Hobbyeasy aqui) para facilitar a minha vida na montagem e conseguir um resultado ainda melhor.

Um “outro” MC.72 da SBS

Recentemente a SBS lançou outro kit com uma versão “antiga” do MC.72. Chamada de Macchi MC 72 ‘Early Version’ (#7016), permite modelar o MM.179. A Hobbyeasy tem em catálogo. O kit aceita o conjunto de tirantes #72042 também.

Conclusões

Confesso que o que primeiro me atraiu no MC.72 foi a beleza de suas linhas. Foi o suficiente para querer saber mais sobre ele. A responsabilidade de salvar a honra da pátria. A ousadia da sua concepção. O misterioso problema que lhe conferiu a má fama de fazedor de viúvas. O drama do Troféu Schneider perdido. A volta por cima e o recorde. E, ao final, a merecida aposentadoria em glória. Que história, um avião desses tinha que fazer parte da minha coleção.

E eis que surge este kit magnífico, na minha escala favorita. De fato, não poderia esperar um kit em plástico injetado com as modernidades de um fabricante de grande porte. Por sorte quem o preparou com tanto esmero em resina foi a SBS. Ainda não possuía nenhum kit deste fabricante, seu catálogo é pequeno, mas a qualidade é espantosa.

OK, há alguns probleminhas de pesquisa – certamente o principal foi oferecer um radiador aparentemente incorreto para a versão pretendida. Considero a falha perdoável: a despeito dos registros em filmes de propaganda e fotografias, é difícil determinar com exatidão qual dos MC.72 está retratado e quando exatamente  a imagem foi capturada. E como sabemos, em aviões experimentais como os MC.72 eram, mudanças visíveis porém sutis eram constantes. Creio tratar-se de um problema de fácil solução para um modelista que esteja minimamente habituado a trabalhar kits em resina: um pouco de massa, um pouco de lixa e pronto. 

Enfim, gostei muito deste kit. Brevemente pretendo tentar montá-lo e contarei para vocês como foi. Espero que a montagem seja à altura da minha expectativa!

Nossos agradecimentos à Hobbyeasy pelo envio do kit para review

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