Spitfire Mk.VIII Profipack 1/72 – Eduard #70128

Spitfire Mk.VIII Profipack 1/72 – Eduard #70128

 

Introdução

Mesmo armas extremamente sofisticadas para o seu tempo, como o Supermarine Spitfire, tiveram que evoluir muito rapidamente para fazer face ao apresentado pelos inimigos. A corrida para aumentar o desempenho com eficiência e segurança operacional levou, durante o ano de 1941, ao desenvolvimento dos motores Rolls Royce Merlin da série 60. Equipados com um compressor de dois estágios e duas velocidades, a sua grande vantagem era a versatilidade, oferecendo desempenho modulado em uma grande faixa de altitudes com melhor consumo de combustível – importante para estender o sempre problemático alcance do Spitfire. Auxiliado pelos supercompressores, a 30 mil pés de altitude um Spitfire com motor Merlin da série 60 desempenhava 300 cavalos a mais que o Merlin 45 que equipava os Mk.V, possibilitando um ganho de velocidade de mais de 100 km/h!

Como os motores dessa nova geração eram consideravelmente mais potentes (e mais pesados) que os Merlins II originais, os esforços aplicados à estrutura do Spitfire estavam se aproximando do limite do razoável. A solução encontrada envolveu uma extensiva reengenharia da estrutura interna das fuselagens e das asas. Isso permitiria estender consideravelmente a vida útil do projeto do Spitfire, capacitando-o a receber motorizações ainda mais potentes e a ser submetido a esforços cada vez maiores.

O posicionamento do centro de gravidade e seus efeitos sobre a estabilidade do avião, bem como a necessidade de aumentar o poder de fogo, munição e o raio de ação também foram fatores considerados nesse quase redesenho do Spitfire levado a cabo por John Smith e sua equipe da Supermarine. A partir dessas considerações, outros itens em desenvolvimento foram incorporados, como tanques de combustível nos bordos de ataque internos das asas e a bequilha retrátil que seria lançada no (cancelado) Mk.III. Outro aspecto importante foi a introdução de ailerons encurtados, que visavam aliviar os esforços em manobras e, principalmente, reduzir a desagradável ressonância aeroelástica (flutter) que surgia em altas velocidades nos Spitfires desde o início do seu desenvolvimento.

Duas variantes desse “Super-Spitfire” foram concebidas: o Mk. VII, equipado com Merlins 64 especiais para grandes altitudes e o Mk. VIII, que receberia os Merlins 61. A ideia era que os Mk.VII seriam o tipo principal de produção (dentro do cenário esperado de batalhas predominantemente travadas em grandes altitudes) e os Mk.VIII seriam um tipo complementar que substituiria os Mk.V “clipped, cropped, clapped” equipados com os motores Merlin 45M nas missões em baixa altitude. Esses aviões seriam produzidos somente a partir de 1943, pois exigiam um extenso programa de adequação nas linhas de produção, com troca de ferramentaria e gabaritos nas fábricas.

Com o inesperado surgimento do FW 190 no segundo semestre de 1941, foi necessário acelerar o lançamento dos Spitfires com motores da série 60, surgindo o “provisório” Mk.IX, um Mk.V com o novo motor adaptado às pressas e que acabou se tornando um grande sucesso. Enquanto a produção dos Mk. IX foi priorizada e direcionada para grande fábrica de Castle Bromwich, o desenvolvimento e produção dos novos Mk.VII/VIII foi realizado com prioridade mais baixa na própria fábrica da Supermarine, pois a principal demanda (de caças capazes de fazer frente imediata aos FW 190) estava razoavelmente bem coberta pelos Mk.IX.

Somente no final de 1942 os primeiros Mk.VIII começaram a ser entregues. Nesse ponto, entrou em jogou um fator importante na aviação de combate que é a padronização dos equipamentos. O uso dos Mk.IX já estava disseminado entre as unidades da RAF, e a manutenção e a cadeia de suprimento de peças de reposição toda girava em torno das células já operacionais, entre elas um contingente ainda importante de Mk.V. A RAF decidiu então que os Mk.VIII, embora mais modernos, seriam usados primordialmente nas unidades de além-mar, fora do teatro europeu ocidental. Afinal, uma vantagem importante dos Mk.VIII era o seu raio de ação, que podia ser aumentado pelos tanques de combustível auxiliares, aspecto valioso nesses tetros de operação. Assim, os Mk. VIII combateram – com destaque –no norte da África, Itália, Sul da França, Oriente Médio, Índia, Birmânia e no extremo oriente. Onde seriam mais úteis e causariam menos problemas. Já a não concretização dos ataques alemães a grandes altitudes (sim, a Inteligência também falha!) acabou determinando que poucos Mk. VII fossem produzidos e encaminhados apenas a algumas unidades selecionadas.

Vale mencionar que vários dos avanços que foram concebidos ao longo do desenvolvimento dos Mk.VIII, como o filtro de ar universal Vokes, o leme “pontudo” de maior área e a capota em bolha acabaram sendo incorporados aos poucos nas linhas de produção do “temporário” Mk.IX, contribuindo para a enorme diversidade de feições que o Mk.IX/XVI apresentou em operação.

De qualquer maneira, os Spitfires tipo 360 (Mk.VIII) representaram o ápice do desenvolvimento dos Spitfires com motor Merlin. Com um excelente raio de ação (1060 km com a tancagem interna e até 1900 km com tanques suplementares) e desempenho similar ao do Mk.IX, também é apontado por muitos como o mais elegante de todos os Spitfires.

Um Spitfire Mk.VIII do Esquadrão 155 taxiando em Tabingaung, Burma, em 1945 

O kit

Finalmente a Eduard lançou a versão Profipack do Spitfire VIII na escala 1/72, meses após ter colocado no mercado uma edição Weekend do mesmo kit (#7442) e uma edição especial “Aussie Eight” homenageando a RAAF (#2119).

Todos esses kits são baseados no excepcional kit 1/72 do Spitfire Mk.IX (#70121), diferindo basicamente por uma árvore de peças específica para os Mk.VIII, decais, a folha de fotogravados e o folheto de instruções, além da embalagem.

Reviews nossos de todas essas edições podem ser encontrados no nosso site: Mk. VIII Weekend, Aussie Eight e Mk.IX Profipack.

O kit basicamente é uma redução ligeiramente simplificada do kit 1/48. A engenharia basicamente foi toda preservada, com algumas inovações muito bem-vindas, como por exemplo a simplificação da fixação dos escapamentos do motor para um sistema mais convencional, que permite que os canos sejam adicionados posteriormente à pintura. Por outro lado, alguns pontos de montagem mais complicada foram herdados kit 1/48, como é o caso da parte superior da capota do motor no nariz. Uma solução rápida para o trabalho de montagem dessa área pode ser o emprego de uma peça inteiriça em resina como a lançada pela Eduard (#672155)

Assim como o kit 1/48, a Eduard optou por oferecer uma árvore específica para a versão da caixa e algumas árvores comuns a todas as versões de Spitfires. Assim, a árvore F traz as metades da fuselagem, asas, capotas do motor e lemes de direção adequados para o Mk.VIII “razorback”.

As árvores A e B trazem uma infinidade de peças para o detalhamento do cockpit , radiadores, rodas e pneus (separados), hélice, pernas para o trem de pouso, portas de acesso, bombas e, três estilos de tanque suplementar – dois “slipper”, um de 30 e outro de 90 galões e um tipo “charuto”, com os respectivos suportes e tudo o mais. Entre os poréns dessas peças destaco que um modelista mais exigente provavelmente preferirá substituir os escapamentos do kit por um conjunto em resina como o Eduard #672110.

As árvores D e E contêm os três estilos de profundor aplicáveis à família Mk.IX, Mk.VIII e Mk.XVI, os dois tipos de aileron (para as asas dos Mk.VIII e IX/XVI) e as pontas das asas convencional e HF (as pontas das asas “clipped” estão na árvore H e/ou na de transparências para facilitar a pintura).

A árvore C, única para toda a “família”, traz as transparências para a cobertura do canopi (em 3 peças, para a opção “aberta” e 2 peças para a opção “fechada”, além da capota em bolha para os Spits das últimas séries), dois tipos de colimador, a lente da luz de posição ventral, espelho retrovisor e as pontas das asas tipo “clipped”.

A folha de fotogravados traz o tradicional conjunto de painel de controle, cintos de segurança e caixa de controle do rádio coloridos, muito bem impressos e realísticos. Completando a folha, as faces dos radiadores, os ganchos de retenção dos tanques suplementares tipo slipper e algumas outras miudezas que completam agradavelmente o modelo.

Uma pequena máscara com os elementos necessários para facilitar a pintura dos canopies é oferecida, uma adição sempre muito bem vinda nas edições Profipack da Eduard.

Os decais são impressos pela Eduard e são belíssimos, com perfeito registro e, espero, tão bons de aplicar quanto os fornecidos ultimamente pela fábrica.

Por fim, as instruções, com a apresentação habitual dos kits Profipack da Eduard. Nelas o modelista encontra uma breve história do avião, mapas das peças nas árvores, lista das cores necessárias (pelo padrão da Gunze) instruções de montagem, esquemas de pintura e um esquema de posicionamento dos estênceis. Tudo muito claro e objetivo. As instruções podem ser baixadas neste link.

Opções

Basicamente as opções de decoração (com uma única exceção) são as mesmas oferecidas no edição Profipack do kit 1/48 e formam um painel abrangente do emprego do Spitfire Mk.VIII durante a II Guerra.

Difícil escolher qual a mais interessante!

A.   HF Mk.VIII, A58-602 (MV133) RG°V, Wing Commander Robert Gibbes, comandante da No. 80 Fighter Wing. 457 “Grey Nurse” Squadron RAAF, Molotai, 1945. Motor Merlin 70.

Ostentando marcações do Esquadrão 457 da Real Força Aérea Australiana, este avião era pintado com o esquema padrão Dark Green / Ocean Grey sobre Medium Sea Grey e marcações específicas do teatro de operações: os cocares da RAAF, faixas brancas largas sobre o bordo de ataque das asas e uma estreita faixa branca na cauda à frente dos lemes. Uma boca de tubarão estilizada e o nome “Grey Nurse” (Cação-Mangona, um tipo de tubarão comum na costa australiana que dá nome ao esquadrão) completam este interessante esquema de pintura. O 457 (RAAF) operou de bases na Nova Guiné até o final da Guerra, já sem muita oposição japonesa. O A58-602 chegou à Austrália em outubro de 1944 e foi alocado ao 457 em janeiro de 45. Foi operado pelo Wing Commander Robert Gibbes, que fez marcar RG-V como identificador e suas dez vitórias individuais obtidas no front da África do Norte (cinco sobre alemães, quatro sobre italianos e uma sobre um francês de Vichy). Foi avariado pela AA sobre a Ilha de Ternate em 07/04/45 sob o comando de Gibbs. Recuperado, foi alocado ao esquadrão 452 (RAAF) em maio e sobreviveu ao final da Guerra. Foi descarregado em novembro de 1948. Um outro avião (A58-758) hoje em dia está pintado como o avião de Gibbes.

B.   LF Mk.VIII, MT560 ZX°D, LT. Antony Brooke Woodley, 145 Squadron RAF, Bellaria-Igea Marina, Itália, Março de 1945. Motor Merlin 66.

Desde o início de 1942 operando além-mar, o Esquadrão 145 da RAF empregou Spitires LF Mk.VIII na Campanha da Itália nos meses finais da Guerra. Em março de 1945 o MT560 voava a partir de Bellaria-Igea Marina, na costa do Adriático nos arredores de Rimini. Há uma disputa entre os pesquisadores sobre a real cor das letras do código de identificação das aeronaves do 145 na época – azul ou vermelho. A folha de decais do kit oferece ambas, deixando a escolha para o modelista. Este é o único esquema diferente dos oferecidos na versão 1/48 do kit Profipack Eduard do Spitfire Mk. VIII.

C.   F Mk.VIII, JF470 HL*R, 31st Fighter Group USAAF, 308th Fighter Squadron, Fano, Itália, 1944 – 1945. Motor Merlin 63.

Um típico Mk.VIII cedido à USAAF via reverse lend-lease, este avião combateu no front italiano entre junho de 43 e março de 44. É um exemplar interessante por apresentar a camuflagem padrão dos caças de grande altitude (Medium Sea Grey sobre PRU Blue) e asas de pontas cortadas, normalmente empregadas em missões de baixa altitude, possivelmente fruto de uma adaptação em campo.

D.   F Mk.VIII, JF330 HB°, Air Vice Marshall Harry Broadhurst, Comandante da Desert Air Force RAF, 1943. Motor Merlin 63.

Este é o avião pessoal do Vice-Marechal do Ar Harry Broadhurst (1905-1995), então comandante da Força Aérea do Deserto, em janeiro de 1943. Apresenta a pintura padrão dos Spitfires do Norte da África, Dark Earth / Middlestone / Azure, e as iniciais do piloto – uma prerrogativa somente permitida para oficiais mais graduados na RAF. Normalmente usado em grandes altitudes, supervisionando as ações, este Spitfire tem as pontas das asas elongadas.

E.   LF Mk.VIII, MD280 DG°R, F/Lt. Paul Ostrander, No. 155 Squadron RAF, Burma, 1945. Motor Merlin 66.

Em Dark green / Dark Earth sobre fundo Medium Sea Grey, com faixas brancas nas asas, este avião é bem representativo dos Mk.VIII que voaram no front da Birmânia em 1945. A foto em P&B que ilustra a introdução deste review é de um Spit VIII desse esquadrão em operação.

F.   LF Mk.VIII, MT714 FT°F, Flown by F/Lt A. W. Guest, No. 43 Squadron RAF, Ramatuelle AF, França, Agosto de 1944. Motor Merlin 66.

Este é um dos 15 Mk.VIII entregues ao Esquadrão 43 da RAF em julho de 1944. Serviu em diversas bases na costa mediterrânea, no sul da França. Pintado com o esquema padrão diurno, Dark Green / Ocean Grey sobre Medium Sea Grey e faixa na cauda (esta sobrepintada com Ocean Grey), ostentava o cubo da hélice e as letras de identificação em vermelho.

Conclusão

Já montei mais de um Spitfire Eduard 1/72 (Mk.IX e Mk. XVI), que é basicamente o mesmo kit base deste Mk. VIII. Com base na minha experiência pregressa, incluindo kits de outros fabricantes, posso afirmar com tranquilidade que este é até o momento o melhor kit 1/72 do Spitfire Mk.VIII “razorback” disponível atualmente. Em função de sua engenharia primorosa e precisão de moldagem é um kit relativamente fácil e agradável de montar e produz um modelo bastante acurado. Esta edição oferece um painel bastante abrangente dos diversos teatros de operação.
Sem dúvida um kit imperdível para os apreciadores do Spitfire e da “mãe de todas as escalas”.

Overtrees e Fotogravados avulsos

 Para completar, como de costume a Eduard também oferece de forma avulsa em seu site e por tempo limitado uma edição com apenas as árvores em estireno do kit original (#70128X), a folha de peças fotogravadas (#72645), a folha de máscaras para pintura (#CX478) e a folha de decais para fazer os estênceis (#D72013). Isso sem contar com uma infinidade de acessórios da linha Brassin e fotogravados para levar o detalhamento ao nível super.

Uma opção de custo menor para quem desejar aproveitar os decais que sobrarem do kit e aumentar a sua coleção de modelos.

Obrigado à Eduard pelo envio do exemplar para review!

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