Roland C.II 1/48 Profipack – Eduard 8043

 

Roland C.II 1/48 Profipack – Eduard 8043

Introdução

Poucos aviões da I Guerra Mundial foram, na minha humilde opinião, mais elegantes que o “Walfisch”, Roland C.II.

A aviação vivia tempos de intensa transformação nos primeiros anos da década de 1910, com a incorporação de muita pesquisa desenvolvida quase que em paralelo lançamento de novos modelos cada vez mais aperfeiçoados. Em pouco mais de dez anos havia-se saído de aeronaves de lona e bambu impulsionados por motores pesados e pouco potentes para máquinas avançadas capazes de superar com facilidade os 100 km/h e subir alguns milhares de metros.

Naqueles tempos de desenvolvimento frenético, talvez o mais avançado grupo de aerodinamicistas estava concentrado na Universidade de Göttingen, Alemanha, liderados pelo Prof. Prandtl. Ali estudou o futuro Dipl. Ing. Tantzen, que viria a ser o engenheiro-chefe da firma Luftfahrzeug-Gesellschaf (LFG), uma das várias empresas ligadas à aviação na Alemanha do período. Buscando conferir ao projeto de um novo avião de reconhecimento, que deveria ser extremamente veloz, Tantzen uniu duas tecnologias de ponta da época: um design aerodinamicamente muito limpo, baseado nos estudos desenvolvidos em Göttingen, e uma nova técnica de construção em madeira laminada, Wickelrumpf, que permitia formas aerodinamicamente muito limpas e ao mesmo tempo era extremamente leve e resistente. Essa técnica, que envolvia a laminação cruzada de finas tiras de madeira em uma forma sob calor e pressão, formado duas “metades” como num dos nossos kits, era muito semelhante à usada anos depois pelos ingleses no DH Mosquito.

Ambas as tecnologias se casavam muito bem, e com a adoção de um dos melhores motores disponíveis na época, o Mercedes D.III (que impulsionaria aviões como os caças Albatros e o Fokker D.VII), estava delinado um pacote vencedor. De fato, “a baleia” (em alemão, Walfisch) era em 1915 quando voou pela primeira vez tão ou mais rápida que os melhores caças de ambos os lados do Conflito.

Claro que havia problemas, talvez o principal deles a má visibilidade para o solo, o que dificultava bastante o pouso e foi causa atribuída a vários acidentes. Outro problema era a pequena área relativa das superfícies de comando da cauda, que tornavam o avião menos manobrável do que poderia ser. Essas características certamente não contribuíram muito para a popularidade dos Walfisch entre os pilotos.

Por volta de meados de 1917 uma boa parte dos C.II estava relegada a serviços de menor importância e aos poucos eles desapareceram do front sem deixar muitas saudades exceto pelas belas linhas.

Para os mais curiosos, uma excelente referência sobre este avião é o Windsock Datafile nº 49. Vale a pena consultar!

O Kit

Este é um relançamento do kit de mesmo número, que surgiu originalmente há uns dez anos atrás. As peças vêm em duas árvores desta feita moldadas no agora tradicional plástico cinza da Eduard, e mais uma pequena árvore de transparências que inclui o parabrisas e as janelas laterais (que no original eram meras folhas de acetato). As formas aparentemente não sofreram com o tempo, embora em alguns pontos seja possível detectar pequenas rebarbas, que certamente não significarão nenhum problema. Acompanham o kit duas folhas de fotogravados, uma delas colorida, com detalhes diversos para o interior (painel, instrumentos, alavancas) e exterior (jaquetas das metralhadoras, molduras das janelas, pentes de munição, acionadores das superfícies de comando, entre outros, que certamente agregarão bastante valor ao modelo. Completa o kit uma pequena folha de máscaras para facilitar a pintura das janelas e das rodas, sempre muito bem vindas.

Os decais são bem impressos pela própria Eduard, e permitem a decoração do modelo em quatro versões:

1. do FFA 5b, Front Ocidental, Outono de 1916. Operado pelo Ten. Seibert e pelo Cap. Pfleger, representa um dos mais famosos Walfisch, com a sua decoração lembrando um peixe com escamas (coisa que, aliás, baleias não têm)…

2. Front Ocidental, Verão de 1917, com a (na minha opinião) bela camuflagem verde/púrpura/azul

3. Kasta 2, Kagohl 1, final de 1916/ início de 1917, camuflado em cores no dorso (dois tons de verde e marrom e dorso azul. Ostenta na proa uma boca, quase sorridente, e o leme de direção preto

4. 1859/16, Escola de Aviação 5 da Baviera (Bayerische Flieger Schule 5), 1917, com uma camuflagem padrão verde/marrom/azul claro.

As instruções seguem o padrão das edições Profipack da Eduard, impecáveis. Você pode baixar em PDF neste link.  

Conversando com um colega que já montou este kit soube que a emenda da asa inferior com a fuselagem requererá algum trabalho de emassamento, e pela falta de guias definidas para o encaixe será particularmente importante testar o ajuste e o alinhamento. Nada, porém, que um modelista medianamente habilidoso não seja capaz de superar com tranquilidade.

Conclusões

Este não é um kit de forma nova, portanto há que se ser um pouco mais condescendente com ele – sim, há algumas imperfeições, várias delas plenamente contornáveis (e outras que certamente passarão despercebidas pela imensa maioria dos mortais e dos modelistas também). Por outro lado, nunca é demais frisar, este é com sobras o melhor kit do Wailfish na escala 1/48.

Como fui fisgado pelas linhas elegantes deste avião centenário, não vou fugir à essa boa briga. Breve ele vai pra bancada, espero que fique pronto a tempo do Evento da APRJ de 2018, que terá a Alemanha como temática.

Recomendado para modelistas um pouco mais experientes, pelo fato de ser um biplano com cabeamento e apresentar alguns pequenos problemas de encaixe e necessidade de emassamento.

Obrigado à Eduard pelo envio do exemplar para review!

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