Mersu – BF 109G in Finland 1/48 – Eduard Dual Combo #11114

 

“Mersu” – BF 109G in Finland 1/48 – Eduard Dual Combo #11114

Introdução

Mersu. O mesmo apelido dado pelos finlandeses para os automóveis Mercedes-Benz foi colocado nos novos caças que começaram a chegar como um importantíssimo reforço para a Ilmavoimat (Força Aérea Finlandesa) que enfrentava novamente os soviéticos na Guerra de Continuação de 1941-1944.

Durante o período que se seguiu à Guerra de Inverno de 1940 a influência alemã na Finlândia cresceu significativamente. Um dos efeitos disso foi o aumento no intercâmbio militar, incluindo a aquisição de equipamentos e treinamento. A Força Aérea Finlandesa foi apresentada oficialmente ao Bf 109 em março de 1941 durante uma missão que visitou o I/JG.51 que enfrentava a RAF desde Abbeville, França.

Em 1º de fevereiro de 1943 foi assinado um contrato para o fornecimento de 48 Bf 109G-2. Um breve curso de familiarização para pilotos finlandeses foi realizado na Alemanha e entre março e maio de 1943 os próprios pilotos finlandeses recém-treinados atravessaram o Báltico levando suas novas máquinas. Em torno dessas novas aeronaves foi formado um esquadrão de elite, o Lentolaiuve (LeLv) 34.

A primeira vitória de um Bf 109G-2 ocorreu em 24 de março, quando o Suboficial Ilmari Juutilainen do LeLv 34, já um ás, abateu um Pe-2 de reconhecimento perto de Suursaari. Juutilainen também seria o último piloto finlandês a obter uma vitória em um Bf-109, um Li-2 em 3 de setembro de 1944 – um dia antes do armistício com os soviéticos. Com o final da Guerra, Juutilainen alcançou a impressionante marca de 94 vitórias, o que o faz o maior ás não alemão de todos os tempos. 58 delas foram obtidas em Mersus.

Novas remessas de Bf 109 chegaram subsequentemente à Finlândia, totalizando 159 aeronaves entregues. Dessas, 48 eram G-2s, 109 eram G-6 e dois eram G-8 de reconhecimento (que, embora capazes de usar câmeras para reconhecimento foram usados como os demais em ações de caça). Com eles foram equipados os esquadrões 24, 28 e 30, além do 34. As entregas de 109s para a Finlândia continuaram até 30 de de agosto de 1944, dias antes do armistício com a União Soviética em 4 de setembro de 1944. 

Ao final da Guerra os pilotos finlandeses obtiveram 667 vitórias confirmadas com os Bf 109. 34 foram perdidos em combate aéreo ou abatidos pela Flak. 16 foram perdidos em acidentes e 8 foram destruídos no solo pelo inimigo. Vinte e três pilotos foram mortos.

Os 109 não foram empregados contra os alemães nos meses finais da Guerra contra os alemães, basicamente por não possuírem alcance suficiente para essas operações. 102 Bf 109 sobreviveram à guerra e continuaram a formar a espinha dorsal da força de caças finlandesa até meados dos anos 50, quando finalmente foram substituídos por jatos. Três desses aviões ainda sobrevivem em exposição na Finlândia:

  • Bf 109 G-2 WrN. 14743, MT-208, no Museu da Aviação Finlandesa no aeroporto de Vantaa, Helsinki;
  • Bf 109 G-6/U2 WrN. 165227, MT-452, “Amarelo 4”, na Base Aérea de Utti; e
  • Bf 109 G-6/Y WrN. 167271, MT-507 “Amarelo 0”, no Museu Central de Aviação da Finlândia, em Tikkakoski. Este foi o último Bf 109 a voar na Ilmavoimat, em 13 de março de 1954.

O Bf 109 continua a ser o mais numeroso e vitorioso modelo de aeronave a ter servido na Força Aérea Finlandesa.

Uma referência excelente sobre a história dos Bf 109 na Ilmavoimat é o livro Messerchmitt Bf 109G – Suomen Ilmavoimien Historia vol. 6, ed. Tietoteos, 1976 (ISBN 951-9035-23-0). Embora em finlandês, o livro traz um apêndice com uma tradução para o inglês das principais informações e uma infinidade de fotos, esquemas de cores, perfis, estatísticas, etc. Vale a pena procurar e ler.

O MT-222 de Juutilainen (esquema B do kit) no final de maio de 1943. Juutilainen obteria 17 vitórias com este avião antes de ele ser perdido um em acidente com um outro piloto.

O kit

Temos aqui uma edição especial “Dual Combo”, compreendendo peças para montar dois aviões completos (um G-2 e um G-6) e mais decais para nada menos que dez opções diferentes de decoração. Completam o kit máscaras pré-cortadas para pintura e duas folhas com peças fotogravadas. O conjunto é baseado nos kit revisados do G-6 Late (#82111), já revisto por nós recentemente (G-6 aqui). Vamos ver isso mais em detalhes:

Primeiramente, as peças em poliestireno. São nada menos de 14 árvores de peças, duas das quais de transparências (árvores J). As árvores H e I, ambas em duplicata, contêm as peças de uso comum a ambas as versões, várias das quais sobrarão para enriquecer a caixa de sucatas. As opções de asas compreendem uma árvore A/K (asas superiores e inferiores do G-2, sem armamento e sem a “bolha” para acomodar as rodas) e duas árvores N/K (asas superiores e inferiores sem armamento e com a “bolha” para acomodar as rodas, aplicáveis a dois dos G-2 e aos G-6). As duas árvores identificadas nas instruções como S e T são na verdade iguais, diferenciando-se apenas as peças que são utilizadas ou não na montagem das fuselagens do do G-2 e do G-6.

O detalhamento e o acabamento de todas as árvores são excelentes, mantendo a qualidade das edições anteriores.

Os dois jogos completos de máscaras vêm em uma folha única, não estranhe. As folhas de peças fotogravadas (várias pré-pintadas) são as mesmas das edições Profipack do G-2 e G-6/Late, muito boas (afinal, essa é uma das especialidades da Eduard).

A folha principal de decais é uma atração à parte. Impressas pela italiana Cartograf têm um acabamento impecável e chegam à sutileza de trazer estênceis legíveis em finlandês que são aplicáveis a alguns dos esquemas. Outro ponto interessante é o fornecimento das suásticas finlandesas “quebradas”, que evita problemas legais em diversos países onde esse grafismo é proibido. Na extremidade da folha vem, delimitada por uma linha pontilhada para recorte, o conjunto de suásticas completas para os mercados onde elas são permitidas.

Uma folha secundária, não tão menor, traz os estênceis em alemão e demais pequenas marcações comuns aos Bf 109. São várias dezenas de decais, em sua maioria minúsculos e que tomarão um bom tempo do modelista. Esta folha leva a marca da Eduard e pela minha experiência pregressa esses decais também assentam muito bem. Estranhamente, só uma dessas folhas é fornecida, o que pode trazer algumas dificuldades dependendo das decorações escolhidas.

O folheto de instruções segue o padrão das séries Profipack da Eduard. Impressas em papel de ótima qualidade, a cores, trata o G-2 e o G-6 em seções separadas. Considero isso positivo, pois descomplica a sequência de montagem e reduz o risco de “confusões” na montagem. As instruções podem ser baixadas em PDF aqui.

Versões

O conjunto de opções é muito interessante e cobre praticamente toda a história do Bf 109 na Ilmavoimat.

São propostos quatro G-2 e seis G-6, representando os principais esquadrões que operaram o Bf 109 e compreendendo o período desde a chegada dos primeiros Mersus em maio de 1943 até os anos 50:

A – Bf 109G-2, MT-219, WNr. 10481. SO Yrjö Turkka, 1/LeLv 34, Utti, em junho de 1943

B – Bf 109G-2, MT-222, WNr. 13528. SO Ilmari Juutilainen, 1/LeLv 34, Malmi, em maio de 1943

C – Bf 109G-2, MT-225, WNr. 13577. Ten. Lauri Nissinen, 1/HLeLv 24, Suulajärvi, em abril de 1944

D – Bf 109G-2, MT-230, WNr. 14254. Cap. Jaakko Puolakkainen, 2/HLeLv 28, Värtsilä, em agosto de 1944

E – Bf 109G-6, MT-423, WNr. 412122. Sgto. Hemmo Leino, 1/HLeLv 34, Kymi, em junho de 1944

F – Bf 109G-6, MT-437, WNr. 163627. Sgto. Leo Ahokas, 3/HLeLv 24, Lappeenranta, em junho de 1944

G – Bf 109G-6, MT-449, WNr. 164950. Ten. Olavi Puro, 2/HLeLv 24, Lappeenranta, em junho de 1944

H – Bf 109G-6, MT-477, W.Nr. 165249. Ten. Mikko Pasila, 1/HLeLv 24, Utti, em setembro de 1944

I – Bf 109G-6, MT-477, W.Nr. 165249. HLeLv 31, Utti, no verão de 1948

J – Bf 109G-6, MT-508, W.Nr. 167277. Ten. Arvo Arima, HLeLv 31, Corrida Aérea em Utti, em junho de 1950

Conclusões

O Bf 109 1/48 da Eduard é um ótimo kit. Já tive a oportunidade de montar um G-6 e a experiência foi excelente: a engenharia do kit é bastante simples e propicia uma montagem fácil; os encaixes são bastante precisos e as peças fotogravadas complementam perfeitamente o detalhamento. Os decais são muito bem impressos e assentam perfeitamente, tanto os Cartograf quanto os da própria Eduard. O kit do G-2 é essencialmente o mesmo, portanto não se deve esperar surpresas.

Gostei muito da ideia de oferecer uma edição com os Mersu. A história dessa centena e meia de aviões é fascinante. A maioria deles obteve vitórias em combate, alguns abatendo mais de 20 inimigos na sua relativamente curta carreira em combate de pouco mais de dois anos. Boa parte deles voou algumas vezes a vida útil esperada de 100 horas para os seus conjuntos, por mais de dez anos em alguns casos, um testemunho da impressionante qualidade do pessoal de manutenção. A maioria deles sobreviveu aos anos de guerra e após o armistício continuaram ajudando a manter a soberania da sua pequena nação durante os tensos anos iniciais da Guerra Fria, só sendo rendidos por jatos quando inapelavelmente obsoletos e cansados.

Recomendo fortemente essa edição pelo valor histórico e pela qualidade dos modelos que podem ser montados a partir dela. Pelo número de peças, fotogravados e pintura intrincada creio que esse kit somente não seja muito indicado para os muito iniciantes. Os demais o apreciarão muito, tenho certeza.

Obrigado à Eduard pelo envio do exemplar para review!

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