O Tanque
O Tigre I (Panzerkampfwagen VI Tiger Ausf. E) foi certamente um dos mais icônicos blindados da segunda guerra e é visto de forma bastante controversa, se por um lado a sua forte blindagem e grande poder de fogo permitiam um domínio no campo de batalha, seu grande custo de produção, peso excessivo e falta de mobilidade são sempre apontados como problemas que prejudicavam seu desempenho. Entrou em serviço em agosto de 1942 e teve a produção suspensa em agosto de 1944 sendo substituído pelo Tigre II, neste período pouco mais de 1500 unidades foram produzidas
O Tigre foi produzido em uma única versão, mas diversas alterações foram introduzidas ao longo de sua produção, na falta de versões oficiais, convencionou-se em classificar o Tigre em três fases, inicial (early) , media (Mid) e final (late), mas ainda que algumas características possam identificar estes períodos, as mudanças muitas vezes eram parciais e não se pode tomar esta nomenclatura como uma definição exata da época de produção.
O kit
O novo kit da Vespid se propõe a representar um veículo de produção inicial, e dentro deste pressuposto, quase tudo se encaixa com a exceção mais visível do mantelete, como veremos a frente
O kit é muito bem injetado sem falhas ou rebarbas, com detalhes nítidos e perfeitamente em escala. O plástico é bastante macio e, portanto, vai exigir um cuidado extra na separação das peças, ainda que os pontos de ligação com as arvores sejam feitos de forma a minimizar a área de contato. O único problema que encontrei foram marcas de ejeção na parte interna das esteiras, que precisarão ser tratadas ainda que não interfiram com os detalhes das peças.
A parte inferior do casco tem a representação interna do sistema das barras de torção da suspensão e outros detalhes nas divisões internas. As pontas dos eixos têm o encaixe fixado para garantir o alinhamento da suspensão, mas uma vez que são peças individuais, será possível cortar o pino guia de modo a representar a variação da geometria da suspensão caso se queira representá-lo sobre um terreno acidentado. Temos ainda, na parte interna, os ventiladores e os tanques de combustível. A parte superior do casco é bem detalhada, as ferramentas, extintor, faróis e outros acessórios são peças separadas e bem representadas. As escotilhas frontais podem ser montadas abertas e para isso tem detalhes na face interna. Temos também os cabos de aço, mas numa representação mais simplificada, o melhor será substituir por outro material. Os para-lamas são bem representados, mas não tem a possibilidade de as extremidades serem rebatidas. Escapamentos, filtros de ar e as mangueiras são bem representados, mas o ponto de contado da mangueira dos filtros com a arvore é na parte sanfonada o que vai deixar uma marca difícil de disfarçar.
A torre tem a representação correta do formato assimétrico, todas as escotilhas podem ser representadas abertas e para isso tem os detalhes nas faces internas, mas as alças externas são em fotogravados o que não dá uma boa representação. O canhão é bastante detalhado com todo o sistema de culatra, recuo e até a mira do artilheiro com boa representação. O cano injetado tem boa representação e já vem com a boca aberta. Neste caso temos ainda um outro cano em metal, representado em duas seções e com o freio de boca em resina 3D. Os detalhes externos contam ainda com a cúpula do comandante, o cesto traseiro e os lançadores de fumaça, com partes em fotogravados. Aqui temos um problema de representação, os dois manteletes fornecidos trazem os furos de visada com o reforço de blindagem, o que não existia nos Tigres iniciais, no entanto não é um detalhe de difícil remoção. Temos ainda os bancos da tripulação e detalhes na parte interna da cobertura da torre.
O sistema de rodagem tem as rodas bem representadas, sem qualquer problema de centralização, o mesmo vale para a roas tratoras (2 tipos) e tensoras. As esteiras injetadas têm uma boa representação, com detalhes internos e externos. O conjunto é formado com segmentos longos, curtos e elos individuais com o caimento frontal já representado na curvatura do segmento B7. O problema são as marcas de ejeção na face interna. Vale apontar que o manual só mostra a montagem de um lado e devido a forma das esteiras do Tigre a montagem do lado oposto, ainda que use as peças nas mesmas posições, devem ter o sentido invertido para casar com as rodas, o que pode confundir um modelista com menos experiência.
Neste conjunto temos uma folha de fotogravados que traz as grelhas alças, suportes dos lançadores de fumaça e outros pequenos detalhes.
A pequena folha de decais, é bem impressa e sem falhas de registro, com elas e possível fazer até 3 veículos diferentes, mas do mesmo comandante, do 2º regimento panzer SS da divisão Das Reich.
O oficial que comandava o tigre era SS Hauptscharfuhrer Soretz. O símbolo chinês de boa sorte foi supostamente dado a ele por sua esposa, ou futura esposa, que seria filha do embaixador chinês. Esta informação é baseada no diário de um ex-membro da 8ª companhia que era então do SS Pz Abt 502 até sua captura na Normandia. (fontes diversas da internet)
O manual em papel de ótima qualidade, tem o mapa da arvores indicação de cores de 4 fabricantes, com o passo a passa muito bem ilustrado em 18 etapas e a indicação de pintura em 5 vistas coloridas.
Conclusão
Ainda que o Tigre I tenha uma abundante representação na 1/72, de vários fabricantes, o novo kit da Vespid se destaca pela qualidade da representação, tanto geral, como nos detalhes, além de já incluir um cano em metal e uma folha de fotogravados. Em termos de detalhes internos o kit fica num meio termo, a torre tem muitos detalhes no canhão, mas falta muita coisa na área interna, ainda assim parece ser o suficiente para o que se poderá ver mesmo com todas as escotilhas abertas. Mais um excelente lançamento da Vespid que certamente lançará outras versões.
Veja reviews de outros kits da Vespid aqui
Obrigado à Vespid Models pelo exemplar deste review