Bombi Polskie I Niemieckie 1918-1939 / 1914-1918 1/48 – Mirage Hobby #448001
Lekkie Bomby Niemieckie I Polski 1918-1939 / 1914-1918 1/48 – Mirage Hobby #248001
Introdução
As Bombas Alemãs da I Guerra Mundial
Nos anos iniciais da I Guerra Mundial os alemães empregavam duas famílias de bombas aéreas, a primeira desenvolvida pela APK e posteriormente um modelo da Carbonit AG. Em 1915 o PuW (Prufanstalt und Werft der Fliergertruppe), responsável pelo desenvolvimento da aviação militar alemã, encomendou à firma Goertz um novo tipo de bomba. O resultado foi possivelmente a primeira bomba aérea realmente moderna.
As bombas PuW foram fabricadas em diversos tamanhos, entre 12,5 kg (de fragmentação, especiais para alvos vivos como tropas e animais), 50, 100, 300 e 1000 kg. As mais leves também tinham versões incendiárias. As bombas de 50 kg equivaliam a um projetil de 150 mm de artilharia e eram capazes de danificar bastante uma edificação; as de 100 tinham um impacto comparável ao de uma peça de 210 mm e podiam destruir um prédio com um impacto direto. Já as de 300 e 1000 kg podiam arrasar áreas de até um quarteirão, mesmo em impactos indiretos.
Alguns aspectos fundamentais dessas bombas eram o seu método de construção (em aço, ao contrário das bombas convencionais da época que eram feitas de ferro fundido), seu formato aerodinâmico que lhes conferia maior velocidade e aletas levemente curvadas, que induziam uma rotação na bomba em queda, aumentando consideravelmente a estabilidade da sua trajetória e consequentemente maior acurácia. As bombas eram ativadas automaticamente por meio de um mecanismo inercial acionado pela rotação da bomba em queda. A altitude de detonação podia ser regulada (ainda que de forma grosseira), o que possibilitava a sua detonação acima do solo – característica bastante útil em bombas de fragmentação, por exemplo. Com isso, normalmente as bombas PuW tinham uma altitude mínima de lançamento, em geral de 200 metros ou mais. Os alemães empregaram as PuW com grande sucesso a partir de 1916 até o final da guerra.
Outros artefatos leves eram bastante empregados pelos Schlaststaffeln alemães. Entre eles, a Stielhandgranate M17 e a Wurfgranate 15.
A primeira, também conhecida pelo apelido Kartoffelstampfer (amassador de batatas) era basicamente a icônica granada de mão usada pela infantaria alemã na I e II Guerras Mundiais. Tratava-se uma granada de impacto, ou seja, os danos eram causados mais pela onda de choque da explosão do que pelo shrapnel espalhado. Seu mecanismo de acionamento era por meio de um pavio que era aceso por ficção ao se puxar uma cordinha no interior do cabo oco da granada. A granada levava aproximadamente 4,5 segundos para explodir depois de acionada, o que dava tempo para ser arremessada a uns 30 metros de distância por um soldado treinado ou cair 100 metros lançada de uma aeronave. Diversas modificações foram introduzidas na Stielhandgranate; uma relevante no seu uso aeronáutico foi a modificação do anel de metal que servia como trava e acionava a espoleta; a peça passou a ter uma forma de estrela para ser acionada com mais facilidade pelos observadores dos aviões – que em geral usavam luvas grossas contra o frio e tinham dificuldade para girar a peça e armar a bomba.
A Wurfgranate 15 era basicamente a granada de fragmentação usada em um morteiro desenvolvido para a guerra nas trincheiras. Seu acionamento era por impacto e podia causar um grande estrago contra tropas, animais e cercas de arame farpado.
As Bombas Polonesas
Mais uma vez a Polônia declarou-se independente no final de 1918, aproveitando-se da situação caótica dos Impérios Alemão e Austro-Húngaro. Entre 1918 e 1920 diversos conflitos sucederam-se e resultaram em uma nação para os poloneses que duraria até o início da II Guerra Mundial em 1939.
A Aviação Militar polonesa (Lotnictwo Wojskowe, ou LW) consolidou-se nesse período de lutas pela independência. Parte importante dela foi formada por grupos de pilotos e mecânicos que se capacitaram para o combate aéreo lutando ao lado dos franceses e russos contra os Impérios Centrais na Grande Guerra. Ao longo de diversas batalhas, uma das mais importante pela base aérea alemã de Ławica, nos arredores de Poznan, uma grande quantidade de aeronaves e equipamentos correlatos (entre os quais bombas) foi capturada pelos poloneses, que passaram a fazer uso imediato desse material.
A grande quantidade de bombas capturadas, em boa parte bombas PuW, fez com que esse tipo de bomba se constituísse no padrão de facto adotado pela LW nos seus primeiros anos. Somente no início da década de 1930 foram feitos esforços para substituir as PuW em estoque, e mesmo assim em função da natural deterioração delas após mais de 10 anos armazenadas.
Dois dos principais modelos de bombas desenvolvidos na Polônia nos anos 1930 foram as Bomba Lotnicza (Bombas Aéreas) wz.29, de 50 kg e wz.31, de 100 kg. Essas bombas, inspiradas nas PuW alemãs, tinham acionamento por fusos de hélice. Ambas eram fabricadas pela ZGH em Starachowice e foram empregadas em grande número pela LW durante a campanha contra a invasão alemã de 1939, basicamente lançadas pelos bombardeiros PZL.23 Karaś e PZL.37 Łoś.
Os Kits
1. Lekkie Bomby Niemieckie I Polski 1918-1939 / 1914-1918 1/48 – Mirage Hobby #248001
A caixa traz três árvores idênticas com 30 peças em poliestireno cinza cada, suficientes para o modelista construir:
– Duas bombas PuW de 50 kg;
– 24 bombas PuW de 12,5 kg;
– 12 granadas Stielhandgranaten M17 e
– 12 granadas Würfgranaten 15.
As bombas PuW de 50 kg são compostas de um corpo em duas metades (peças #6) e as aletas (#7). As instruções indicam para pintura as cores da gama Vallejo Model Color MC 70973 (cinza claro) e 70998 (bronze).
As PuW de 12,5 kg são compostas de uma peça inteiriça para o corpo da bomba (#3) e uma peça para as aletas (#4). As instruções recomendam sua pintura em cinza claro (MC 70973) ou amarelo claro (MC 79858), com a ponta em bronze (MC 70998).
As granadas Stielhandgranaten M17 e as Würfgranaten 15 são compostas de uma única peça inteiriça. Do caso das Stielhandgranaten, as instruções recomendam limar ligeiramente as extremidades dos cabos perfazendo oito suaves reentrâncias para dar a forma do acionador da granada. Uma fotografia ilustra a forma desejável. Trata-se de uma peça bastante pequena, consequentemente o detalhe será bastante sutil porém visível. As instruções recomendam pintar as Würfgranaten 15 de verde escuro (MC 71073 da gama Vallejo Model Air) e as extremidades da Stielhandgranaten em um outro tom de verde, MC 70920. Os cabos desta última devem replicar madeira (MC 70834 + 70828).
O folheto de instruções é bastante bem apresentado, em uma singela folha de papel couché tamanho A5 impressa a cores. O verso da folha traz diversas fotos de época das bombas instaladas em aviões operacionais e bons textos explicativos.
As peças são bastante bem moldadas e de fácílima montagem e pintura. Com certeza podem agregar bastante valor a qualquer modelo de avião de reconhecimento / ataque ao solo alemão ou polonês da época, bem como servirem de elementos em dioramas ou vinhetas.
2. Bombi Polskie I Niemieckie 1918-1939 / 1914-1918 1/48 – Mirage Hobby #448001
O kit promete ser composto por seis pequenas árvores (três pares) de peças em poliestireno cinza, cada par de árvores contendo 22 peças – 66 peças no total. O conjunto oferece o suficiente para 27 bombas, a saber:
– 3 bombas wz.31 de 100 kg (peças #8, #9 e #10);
– 3 bombas wz.29 de 50 kg (peças #15, #16 e #17);
– 18 bombas PuW de 100 kg (peças #11 e #12); e
– 3 bombas PuW de 300 kg (peças #13 e #14).
Infelizmente o nosso exemplar veio com uma das árvores trocadas, e assim somente poderemos montar, respectivamente, duas wz.31, duas wz 29, duas PuW de 300 kg e doze PuW de 100 kg – 18 bombas no total. Certamente uma pequena falha no controle de qualidade na fase de embalagem que deverá ser resolvido mediante um contato com o fabricante.
As instruções, novamente impressas em uma folha tamanho A5 a cores, trazem diagramas para a montagem das diversas bombas, bem como algumas fotos de época e um diagrama explicando o posicionamento das bombas no PZL.23 Karaś. A pintura das bombas é bastante simples e as instruções trazem referências para tintas da gama da Vallejo Model Color.
As bombas polonesas w.29 e w.31 devem ser pintadas em verde escuro (MC 70887); já as PuW devem ser pintadas de cinza claro (MC 70973). Em ambos os casos, os fusos devem ser cor de bronze (MC 70998).
Novamente temos um conjunto de peças bastante útil para completar modelos de aviões poloneses como os PZL.23 Karaś e PZL.37 Łoś (a Mirage produz excelentes kits de ambos os aviões na escala) e de bombardeiros alemães como o Gotha G.V da Hippo / AZ Model e o AEG G.IV da Hi-Tech, por exemplo.
Conclusões
A despeito do problema com a embalagem do kit #448001, posso recomendar com tranquilidade ambos os kits para os modelistas que desejem incluir esses importantes armamentos aos seus modelos. A qualidade da moldagem das peças é excelente e denota uma cuidadosa pesquisa por parte da Mirage Hobby, sempre disponibilizando bons kits relacionados com a interessantíssima história da Aviação Militar Polonesa.
Obrigado à Mirage Hobby pelo envio dos exemplares para review!